Sinopse: Uma CEO coloca sua carreira e família em risco quando inicia um tórrido caso amoroso com um estagiário.

O filme se apresenta como um thriller erótico de abordagem contida, a sensualidade é abordada de maneira menos frontal, priorizando a tensão emocional e a atmosfera, ao invés de expor as interações físicas de forma explícita. Mas sua trama, ao abordar temas como desejo, poder e ambição, acaba se revelando mais superficial do que verdadeiramente envolvente. Ambientada ao longo de um extenso período de Natal, a história segue Romy, uma mulher casada que se envolve em um relacionamento dominante-submisso que quase a consome. Em essência, o filme propõe uma reflexão sobre poder, identidade e as complexidades do desejo e da autossuficiência. 

Assim como em muitas comédias românticas, o encontro inicial no filme é cuidadosamente arquitetado. Romy, a caminho do trabalho em um dia comum, é interrompida pela visão de um cão atacando ferozmente uma pessoa. Visivelmente abalada, ela continua observando, paralisada, até que um jovem estranho dá uma ordem firme ao animal, que imediatamente interrompe o ataque e se aproxima dele. Romy fica profundamente impressionada, embora não pelas razões óbvias: logo se revela que ela se sente atraída pela autoridade e pelo controle do estranho, despertando nela o desejo de explorar novas dinâmicas de poder. Em uma coincidência que beira a incredibilidade, sugerindo que a história também tenha elementos de fantasia, o estranho que controlava o cão aparece no escritório de Romy. Ele é um dos novos estagiários, Samuel, e sua presença logo chama a atenção dela novamente. A atração entre os dois, que inicialmente se manifesta em provocações mútuas, rapidamente se transforma em algo mais intenso do que uma relação profissional imprudente. Romy se permite viver essa experiência intensa, desafiando convenções pessoais e profissionais, o que altera profundamente a dinâmica entre ela e Samuel. Enquanto ela assume uma postura mais vulnerável, ele se coloca como líder, conduzindo a relação para novas descobertas e desafios.

O filme tenta explorar temas complexos como o BDSM, o etarismo e a aceitação do corpo e da aparência feminina, mas falha em transmitir com a profundidade desejada a jornada de autodescoberta sexual da protagonista e seu fetiche de submissão. Em vez de adotar uma abordagem mais intimista e reflexiva, a narrativa se inclina para um tom erótico mais superficial. Dessa forma, o filme pode ser facilmente compreendido de maneira rasa por um espectador desatento, que o reduza a um simples thriller erótico repleto de clichês do gênero. As cenas de conteúdo sexual explícito, por sua vez, podem sugerir uma interpretação mais simplificada, deixando de lado as sutilezas e complexidades da trama. O filme, no entanto, se distingue ao apresentar uma inversão na dinâmica de poder, com Romy assumindo o papel dominante e desafiando as normas de gênero. Como CEO, ela ocupa uma posição de liderança e influência, um cargo tradicionalmente associado ao poder masculino, especialmente em um ambiente corporativo onde os homens predominam nas esferas de decisão. Contudo, sua autoridade vai além do universo profissional, estendendo-se para a esfera íntima e sexual, onde ela se torna a figura dominante na relação com Samuel. Através da manipulação psicológica do estagiário, constrói-se um jogo de poder onde os limites entre controle e submissão são fluidos e ambíguos. Isso instiga o espectador a refletir sobre essas trocas de poder, incentivando-o a enxergar a trama com mais profundidade, além da simples aparência.

Babygirl apresenta uma premissa interessante ao explorar desejo, poder e ambição, mas falha em desenvolver esses temas de maneira profunda. Apesar de adotar um enfoque mais contido e emocional, a narrativa se torna rasa ao tratar questões como BDSM, etarismo e aceitação do corpo feminino. A jornada de autodescoberta da protagonista e sua relação de submissão com Samuel carecem de um aprofundamento psicológico, resultando em um tom erótico superficial. O filme, com grande potencial, não cumpre a promessa de uma análise crítica, optando por uma abordagem mais sensacionalista do que introspectiva.

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