Crítica escrita por João Pedro Ferreira
Sinopse: Cinco amigos causam um acidente de carro fatal e encobrem seu envolvimento mantendo segredo em vez de enfrentar as consequências. Um ano depois, eles se veem perseguidos por um assassino misterioso que sabe o que eles fizeram no verão passado.
Pela sinopse, o novo filme parece seguir de perto a fórmula do clássico de 1997. Embora a estrutura básica seja familiar, há mudanças sutis que indicam uma tentativa legítima de atualizar a narrativa para um novo público. No original, o catalisador da história é um atropelamento acidental, que rapidamente mergulha os personagens em um ciclo de culpa e perseguição. Já nesta nova versão, o carro quase atinge um dos adolescentes que estavam no meio da estrada e o veículo termina à beira de um precipício. Essa alteração, embora pareça menor, traz um diferencial interessante ao deslocar o foco do ato violento direto para a tensão da situação em si — o perigo iminente e a decisão de omitir a verdade continuam sendo centrais, mas agora com um novo contexto. Há, portanto, um esforço visível em manter o espírito do original, ao mesmo tempo em que se explora novas abordagens para o suspense e o dilema moral dos personagens. É uma escolha interessante, pois respeita a memória afetiva dos fãs do primeiro filme, sem se prender completamente ao que já foi feito. Ainda que o conceito base seja o mesmo, o modo como ele é apresentado pode dar novo fôlego à franquia.
Neste filme, é como se tivessem pegado o elenco do original, dado uma repaginada estilo “TikTok Edition” e jogado na tela com nomes novos. Ava (Chase Sui Wonders), com aquele ar centrado e racional de quem medita cinco vezes por dia e resolve tudo com um olhar sério, é praticamente a Julie 2.0 — sim, aquela mesma vivida por Jennifer Love Hewitt, que sempre parecia estar a um passo de gritar “O que vocês querem de mim?!”. Danica (Madelyn Cline) entra em cena com aquele jeitinho doce e vaidoso. Ela claramente bebeu da fonte da icônica Helen, interpretada por Sarah Michelle Gellar. Já Teddy (Tyriq Withers) parece ter saído direto de um vídeo do YouTube “tipos de caras que tomam decisões ruins”. Ele é impulsivo, mas não tão barraqueiro quanto Barry (Ryan Phillippe). Pense nele como Barry depois de umas sessões de terapia e menos cafeína. E assim o filme vai desfilando esses sósias espirituais do elenco de 1997, como se fosse um baile de máscaras onde todo mundo trocou de roupa, mas mantém a mesma alma dramática. Dá até pra pensar: “Ah, isso aqui é um reboot, né?”. Mas não se engane! O filme esfrega na nossa cara que é uma sequência, com direito ao retorno triunfal de Julie e Ray (Freddie Prinze Jr.), que aparecem com aquele ar de “gente, ainda tão matando nessa cidade?!”.
O filme não economiza no fanservice — e isso, para os fãs do longa original, é um verdadeiro prato cheio. Quem assistiu ao clássico de 1997 vai se divertir identificando diversas referências cuidadosamente espalhadas ao longo da trama. Uma das mais marcantes é a presença de um certo estabelecimento que, à primeira vista, pode parecer apenas mais um cenário qualquer… mas que, para os mais atentos (ou traumatizados), é exatamente o local onde uma das personagens tentou fugir do assassino no primeiro filme. Esses acenos nostálgicos funcionam quase como easter eggs cinematográficos: não são essenciais para a nova história, mas adicionam uma camada de satisfação e cumplicidade para quem conhece o passado sangrento dos personagens. É como se o filme piscasse para os fãs de longa data e dissesse: “A gente lembra. E sabemos que você lembra também.”
Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025) não revoluciona o gênero, mas cumpre seu papel com estilo: mistura sustos, segredos e fanservice na medida certa. Seja você um fã do original ou um novato curioso, há diversão garantida — mesmo que, no fundo, a história continue nos lembrando que guardar segredos nunca acaba bem.