Sinopse: Histórias Que é Melhor Não Contar é dirigido por Cesc Gay, que também assina o roteiro com Tomàs Aragay, é um longa que apresenta situações com as quais nos identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido, o filme aborda cinco histórias com um olhar ácido e compassivo sobre a incapacidade de controlar nossas próprias emoções.
O longa tenta explorar os momentos desconfortáveis da vida, aquelas situações que, muitas vezes, preferimos deixar no esquecimento. No entanto, ao invés de oferecer uma análise profunda e reveladora das complexidades emocionais e das relações humanas, o filme acaba se limitando a um retrato superficial desses episódios. Ao seguir uma estrutura não linear e apresentar uma série de episódios curtos, a obra parece mais interessada em apresentar situações desconcertantes do que em realmente explorá-las com a profundidade que elas mereciam. Embora tente combinar ironia e empatia, o resultado é uma experiência que, em muitos momentos, se torna dispersa e desinteressante. Em vez de uma reflexão rica e envolvente sobre as falhas humanas, o filme se perde em histórias que, apesar de promissoras, acabam não atingindo o impacto emocional desejado, deixando a sensação de que poderia ter sido mais coesa e impactante.
Combinando absurdo e realismo, o filme vai além da comédia, refletindo sobre a natureza humana e as barreiras que criamos. Explora as complexidades do amor e das relações, mostrando como escolhas e segredos moldam nossa identidade. Um exemplo disso ocorre na primeira história, quando Laura sai para passear com seu cachorro e encontra um velho amigo. Durante o passeio, o cachorro começa a mancar, e ela decide voltar para casa para cuidar dele. Após resolver o problema, o marido de Laura chega, e o amigo precisa se esconder para evitar que pareça que uma traição está acontecendo.
Em relação à primeira história, preciso admitir que foi a única que realmente me prendeu. A trama, uma verdadeira farsa, retrata Laura trancando Alex no banheiro quando seu marido Raul chega em casa. A simplicidade e a tensão sutis dessa situação me cativaram imediatamente. O ponto inteligente dessa narrativa é que, quando o marido chega, Laura não precisa forçar nada, pois, na verdade, não há nada acontecendo entre ela e Alex — tudo está apenas em sua mente. Esse jogo de emoções e mal-entendidos cria uma atmosfera que mistura comédia e tensão, algo que se perde nas histórias seguintes. A partir da segunda narrativa, o interesse pelo filme começa a decair. As tramas subsequentes perdem o mesmo charme e profundidade da primeira, deixando a impressão de que a obra poderia ser mais impactante se tivesse sido condensada em um único curta-metragem focado exclusivamente nesse episódio. Nesse formato, a simplicidade e a introspecção do enredo poderiam ser mais bem exploradas, sem as distrações e os desvios de tom que surgem ao longo do filme. O que poderia ser uma reflexão honesta e envolvente sobre a fragilidade humana se dilui em uma série de episódios que, embora interessantes, não conseguem manter o mesmo nível de intensidade e coerência emocional. O segundo conto apresenta Carlos, um homem que recorre a metáforas de futebol, e Ana, que incentiva Luis a ter uma aventura, com um desfecho ambíguo, porém previsível. Em seguida, há uma audição de filme com Angela, Carol e Blanca, que, após se criticarem, demonstram uma solidariedade forçada. O tom farsesco retorna com a história do escritor Andrés, que tenta salvar seu relacionamento com a muito mais jovem Bárbara, mas seu esforço se revela vazio.
Histórias Que é Melhor Não Contar apresenta uma reflexão interessante sobre as falhas humanas, começando de forma promissora, mas perdendo força conforme avança, tornando-se superficial. No final, a obra deixa a sensação de que poderia ter explorado suas ideias de forma mais profunda e coesa.