Sinopse: É o aniversário de 21 anos de Alex, mas ela está presa no fliperama em que trabalha, no turno da noite. Então, seus amigos decidem surpreendê-la, mas um assassino mascarado vestido como um personagem de desenhos animados decide jogar com eles um jogo que ela deve participar para sobreviver. Assim, um a um, os jovens ficam frente a frente com o seu destino, até que é a vez de Alex. Quem sobreviverá?
Será que filmes sempre precisam ter uma grande metáfora e reflexão por trás ou eles podem ser apenas algo divertido que nos faz desligar do mundo ao redor durante a sua duração? Mouse Trap: A Diversão Agora É Outra, longa de Jamie Bailey, é exatamente o tipo de filme para assistir quando se busca por algo que não seja tão reflexivo e te tire boas risadas. Nesse terror trash, acompanhamos um grupo de amigos dos mais estereotipados possíveis fugindo de um assassino muito inesperado, aquele rato famoso conhecido como Mickey Mouse.
Antes de tudo, se entende desde o pôster até a sinopse do filme que essa obra em momento algum tenta se vender como algo sério ou mais complexo do que realmente é. E é com essa certeza que ele consegue construir uma atmosfera muito interessante para seu público. Ao abraçar o estilo trash, o longa utiliza muito bem os estereótipos do slasher ao fazer personagens superficiais e explorar como essa superficialidade deles os fazem mais suscetíveis a serem mortos. A própria falta de diversidade dos personagens é um ponto criticado no longa, que funciona como uma sátira em diversos momentos.
A escolha do assassino e do motivo, porém, é inconvencional e até mesmo controvérsia. Em momento nenhum fica claro o porquê dele estar matando, uma vez que o público sabe quem é desde o começo, diferentemente de muitos slashers desse formato. Por um lado, torna a audiência mais interessada em acompanhar como os personagens irão morrer e os conflitos gerados durante essa matança do que em descobrir quem é o assassino, assim podendo focar mais em outros aspectos do slasher trabalhados na obra. Por outro, faz com que essa caçada toda não tenha um objetivo final, uma vez que não se faz ideia de como pará-lo nem como fugir dele. Além disso, toda a estética levemente assustadora desse personagem, afinal um assassino com máscara de rato de desenho infantil só pode ser assustadora até certo ponto, é completamente quebrada a partir do momento em que ele começa a falar. A voz usada por ele realmente remete ao famoso personagem que ele faz referência, o que só o torna mais escrachado que o necessário, apesar de não ser exatamente algo negativo, uma vez que é realmente um filme trash.
No entanto, mesmo que não se saiba onde o filme irá parar conforme o assiste, o final é muito mais inesperado do que se imagina. Um plot twist incrivelmente corajoso para um filme trash pode ser interpretado de diversas formas, mas pessoalmente considero uma escolha muito divertida para se encerrar essa busca ao mesmo tempo em que trabalha o estereótipo de uma final girl. O filme em si não explica muitos pontos de si próprio, mas traz uma possibilidade de sequência que abrange muitas possibilidades e inovações para si próprio.
Mouse Trap, ao fim, é o filme ideal para se assistir com um grupo que realmente aprecia a arte do cinema e como ele pode se reinventar até mesmo em seus gêneros mais nichados e subestimados. Ele tira boas risadas e traz homenagens aos clássicos slashers sem que tente superá-los. Como todo filme trash, sabe o seu público e como o agradá-lo, o que é o suficiente para que se torne falado.