A editoria Questões de Gênero, felizmente, teve muitas contribuições em 2022. Seja dos alunos da pós-graduação, alunos de graduação e também de ex-alunos da UFF, muitas pessoas estão interessadas em assistir e escrever sobre gênero e sexualidade no cinema. Além disso, é interessante como os cinemas realizados e protagonizados por mulheres acabam se misturando com outras temáticas. Por este motivo, muitas das críticas, colunas e artigos que fizeram parte da editoria também estavam ligadas ao cinema negro e ao cinema indígena, por exemplo. Afinal, o cinema dirigido e protagonizado por mulheres é diverso. Para comemorar 1 ano de OCA segue a lista de 3 publicações de destaque na nossa Editoria Questões de Gênero.

 

 

1) A Verdade Documental na Ficção em O Céu de Suely – Rosália Figueirêdo

De forma poética, a doutorando do PPGCINE Rosália Figueirêdo, editora de Audiovisual e Educação na OCA, escreve uma crítica do filme brasileiro O Céu de Suely, dirigido por Karim Ainouz. O filme faz parte da lista de os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, da ABRACCINE A forma como Rosália escreve vale a pena a leitura:

Há sensações que experimentamos e jamais esqueceremos, foi assim em 2006, quando assisti pela primeira vez ao filme O Céu de Suely, do cearense Karim Ainouz. A naturalidade com que a narrativa se desenvolve é tão grande e envolvente, que temos a nítida impressão que estamos diante de um documentário e não de um filme de ficção. A maneira como a trama é conduzida, tratada, é tão fluida que parece a água de um rio que corre para o mar, que sabe o caminho, às intempéries, e por conhecer, se entrega sem esforço, com toda a sua alma.

 

2) Os subgêneros do horror e os corpos periféricos na trilogia Fear Street – Pedro Lauria

Além de críticas e colunas originais, um dos objetivos da OCA é divulgar as pesquisas acadêmicas e artigos científicos. O artigo de Pedro Lauria, editor de Cinema e Audiovisual na Web na OCA, foi publicado originalmente na Revista Insólita e também conta com uma versão em inglês exclusiva aqui no nosso site! Pedro Lauria analisa como a trilogia Fear Street, dirigida por Leigh Janiak, utiliza alguns dos subgêneros do horror para construir uma história que subverte alguns estereótipos de gênero, sexualidade e raça do cinema de horror, quebrando as expectativa dos espectadores através de, por exemplo, figuras da final girl e das bruxas, personagens recorrentes nos filmes do gênero. Segue um trecho:

Fear Street é uma trilogia de filmes de horror dirigida por Leigh Janiak, lançada pela Netflix em Julho de 2021. A obra traz contribuições para o gênero ao trazer para o protagonismo corpos periféricos subrepresentados no horror e ao se debruçar em temáticas acerca do tratamento de seus corpos na sociedade. Além disso, sua estrutura e estratégia de lançamento única – um misto de série e coletânea de filmes – permite que Leigh Janiak se debruce sobre imbricamentos e peculiaridades de três diferentes subgêneros: o suburbanismo fantástico, o slasher e o gótico estadunidense. No presente artigo, nos aprofundaremos, a partir da crítica genérica e feminista, em como Fear Street subverte expectativas dos seus espectadores ao transitar entre diferentes subgêneros e ao seu pautar em perspectivas subretratadas pelo cinema hegemônico. 

 

3) Shiva Baby: a angústia de se tornar adulta – Julia Alimonda

Esta foi a primeira publicação original da Editoria Questões de Gênero da OCA, por este motivo, guardo um carinho especial por ela! Nessa crítica, analisei o filme Shiva Baby, da canadense Emma Seligman, pensando em como a cineasta canadense mescla a comédia e o thiller para construir uma narrativa sobre uma jovem bissexual angustiada com suas escolhas profissionais. Aqui está uma parte da crítica:

E se você encontrasse seu sugar daddy em um shiva onde está toda a sua família? É a partir dessa premissa que Shiva Baby (2020), da canadense Emma Seligman, se desenvolve. A protagonista Danielle, interpretada por Rachel Sennott, é uma jovem recém-formada que decide utilizar um aplicativo de sugar baby para conseguir uma grana extra, já que não consegue emprego na sua área. Entretanto, acaba encontrando um dos seus clientes em um shiva, um velório judaico. O filme, disponível na MUBI, é uma comédia e ao mesmo tempo um thriller, onde a protagonista está sempre tensa com os discursos que são produzidos sobre ela e com a possibilidade de que descubram coisas desconfortáveis sobre sua vida.

 

 

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