Crítica escrita por Guilherme Corrêa para a cobertura do 22º Festival Brasileiro de Cinema Universitário – FBCU.

Sinopse: Às vésperas de comemorar seu centenário, o Colégio Santo Amaro fechou as portas no ano de 2020, em meio a pandemia, deixando a comunidade escolar extremamente abalada. A trajetória da escola acompanha as mudanças educacionais dos últimos 100 anos e tem a história entrelaçada ao bairro de Botafogo, onde ficava. Agora, no ano do centenário, diferentes gerações de alunos, professores, freiras e funcionários retornam ao ambiente escolar para rememorar seu tempo ali: um passado inacessível, mas que, através da lembrança, torna-se novamente presente.

Amaro: O Colégio da Memória é um longa-metragem universitário de 1 hora e 35 minutos dirigido por Mateus Rameh, estudante do curso de Cinema e Audiovisual da UFF. O documentário narra a história do Colégio Santo Amaro, desde sua criação, em 1923, as 4 gerações de alunos que o vivenciaram, até seu trágico fechamento em 2020, a três anos de seu centenário. Hoje, o que era cenário da infância de milhares de pessoas, tornou-se anexo da Universidade Veiga de Almeida. A proposta do filme é justamente eternizar a memória afetiva de tantas pessoas que já passaram nas mãos das irmãs do Santo Amaro. 

O longa se estrutura com imagens de arquivo para contextualizar todo o passado do colégio, intercalado com depoimentos de pessoas que passaram pela escola, trazendo a linha narrativa e as diferentes visões de um mesmo lugar, ainda com imagens captadas de como o local se encontra hoje. É interessante colocar o excelente trabalho da produção, tendo em vista que as imagens captadas com o letreiro da escola, cadeiras da forma como se encontram, e a própria casinha de bonecas foram gravadas antes de efetivamente o projeto sair da pré-produção, isso porque já era sabido que o lugar se tornaria uma unidade da UVA e que todos esses elementos seriam removidos ou modificados. 

Com uma linha do tempo bem amarrada, Amaro consegue passar de forma bastante clara o processo de construção, estruturação, evolução e decadência da instituição. É interessante perceber a forma como as diferentes gerações de alunos interagem com o ambiente: apesar de diferenças nítidas de comportamento e ideias, as histórias contadas se repetiam — matar aula, espiar cantos proibidos da escola, buscar pela medalha de mérito, e a interação com a mangueira do pátio. Mangueira essa que se personifica como testemunho da escola: estava lá quando o terreno foi adquirido, cresceu junto com os alunos e, hoje, sem a materialidade do Santo Amaro, segue levando 97 anos de história.

O filme é bastante sensível e, apesar de contar uma história muito pessoal, é capaz de atingir até mesmo quem nunca estudou em uma escola como Santo Amaro, e esse foi o tópico que guiou as duas perguntas na entrevista feita ao diretor do filme. 

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