SINOPSE: Em Moana 2 (2024), novo filme musical da Walt Disney Animation Studios, Moana e Maui se reencontram após três anos para uma nova e incrível jornada com um grupo improvável de marujos. Após receber um chamado de seus ancestrais, Moana parte em uma jornada pelos mares distantes da Oceania, desbravando águas perigosas, rumo a uma aventura diferente de todas as que já viveu.
Moana, aquela simpática menina aventureira, que agora já é uma mulher, torna-se uma líder inspiradora de seu povo, uma navegadora nata que está sempre à busca de outros povos ao seu redor. Mas, após seu chamado ancestral, se depara com uma situação que pode levar à extinção de sua comunidade, seu lar e sua família. Assim, embarca em mais uma grande aventura pelo oceano com uma nova e inusitada equipe.
A Disney renasce das cinzas com esse filme, parece que finalmente aprenderam com a Pixar, investindo em narrativas de personagens com conflitos muito mais complexos do que eles mesmos e suas vontades. Moana tem o instinto de sobrevivência e passa por problemas com os quais qualquer adulto pode se relacionar ou compreender. Sim, Moana 2 é um filme divertido de se assistir com a família; ele engaja o adulto e entretém a criança com o seu carisma.
A Pixar nos ensinou há muito tempo que filmes infantis podem ser filmes para todos os públicos. O filme apaixona qualquer um pela sua narrativa emocionante e inspiradora, que encanta as crianças com seus personagens e aventuras. Mas alcança todos com sua magia.
Nesse filme, a Disney acerta em cheio, sem perder a essência de sua personagem e de sua história, diferentemente do que fez com outras franquias. Sabemos que já passou da hora da indústria americana de cinema investir em novas narrativas, em vez de apenas reciclar histórias que já estavam bem finalizadas. E isso é relevante, não apenas para os fãs, mas principalmente, para aquilo que se pretende ser o produto Disney: “uma narrativa fantástica, um mundo mágico real”. E todo esse imaginário pode ser quebrado com filmes ruins, que, ao invés de ativar a nostalgia e trazer um novo público, acabam afastando-o e desagradando a memória afetiva de seu público fiel.
Apesar de ser uma das novas princesas, e seu filme não ter sido um clássico rebootado, todos devem ter sentido o mesmo receio com relação à sequência de Moana. E, felizmente, foi o contrário: Moana continua sendo uma personagem preenchida pela cosmogonia de sua cultura. Ela acredita no que o Oceano lhe reserva, acredita nas suas visões, acredita na sua ancestralidade e na magia que a cerca, algo que é um comportamento comum em diversos povos ao longo da história, e que é uma característica diferencial de Moana no mundo das princesas Disney. Ou seja, Moana é alguém que existe ou existiu fora da tela.
A animação é primorosa, a cena inicial com os cabelos de Moana se movimentando devido ao vento no topo de uma pedra, a qualidade do movimento das plantas, cada frame mostra uma maestria técnica absurda, além de ser uma experiência esteticamente incrível e emocionante.
As músicas são ótimas, a trilha sonora continua maravilhosa! Mas não é possível dizer se será tão marcante quanto as músicas do primeiro filme, como “De Nada” (ou “Welcome”) ou “Saber Quem Eu Sou” (ou “How Far I’ll Go”).

Não ironicamente, a Disney sabe fazer personagem para vender boneco, já que é impossível sair da sala de cinema sem querer ter algum daqueles personagens com você. Os novos personagens são tão cheios de personalidade, e quase tão carismáticos quanto o próprio Maui. E a escolha de Moana para que essa seja a sua nova equipe demonstra a inteligência da personagem; ela é a líder de um povo, reunindo estrategicamente aqueles que podem fortalecê-la, mesmo que eles não sejam como Maui, fortes e grandes, como diz Moani para Moana. Maui retorna ganhando a tela como sempre. Que personagem interessante e legal! Sua lealdade e seu espírito lutador mostram por que ele é um semideus.
Mesmo que franquias estejam gerando uma certa desconfiança, um certo medo, é impossível não ficar ansioso para ver a próxima sequência de Moana. Queremos saber qual é o futuro de sua comunidade. Algumas questões geram curiosidade sobre o futuro de Moana e sua comunidade: Sua irmã também será navegadora no próximo filme? O que aconteceu com os Kakamora? Será que existem outros como Hei Hei em algum lugar? Para onde Maui vai? O que aconteceu com Matangi? Quais são os planos de Nalo?
O final faz jus às palmas que escutei na sala de cinema. O longa é tocante, é como ver uma mitologia sendo criada ou renascendo; realmente dá para sentir a magia. É ver, numa personagem da Disney, tudo aquilo que se vê numa mulher na liderança: às vezes, a única saída é enfrentar a realidade e buscar o futuro. Finalmente, vemos um filme sobre a resistência de um povo, que enxerga o seu futuro na sua principal líder.