Sinopse: A maldição do sorriso retorna para uma história inédita em Sorria 2. A estrela pop Skye Riley (Naomi Scott) vive a vida dos sonhos, repleta de fama, dinheiro e admiração. Prestes a embarcar em uma turnê mundial, a estrela presencia a morte de um colega do ensino médio, Lewis Fregoli (Lukas Gage). A partir daí, começa a ser perseguida por um sorriso sombrio. Ela o vê em seus fãs, em seus parceiros de trabalho e em desconhecidos na rua. Sorria 2 acompanha as tentativas de Riley de exterminar esse mal que a aterroriza e retomar o controle de sua vida. A pressão da fama e o horror dessas experiências inexplicáveis obrigam Skye a confrontar seu passado antes que seja tarde demais.
Estaria o gênero do terror se reinventando? Ou apenas aprendendo a apreciar a si próprio? Foi com essa reflexão que terminei de assistir a Sorria 2, continuação também dirigida por Parker Finn. Dessa vez, o público acompanha a cantora Skye Riley tentando escapar tanto de seu passado quanto dos acontecimentos bizarros que a cercam com pessoas sorridentes. Seguindo uma lógica similar do primeiro, o filme conta com criativas cenas de suspense e um enredo que parece muito mais aterrorizante, afinal, agora nossa protagonista pode passar a maldição não para uma pessoa, mas para os seus milhares de fãs.
Mesmo seguindo uma ordem de acontecimentos semelhantes, senão igual, a do primeiro filme, dessa vez o enredo se torna muito mais interessante ao se debruçar sobre justificativas e conflitos não tão óbvios. A tensão de ver uma artista se deteriorando no que deveria ser seu retorno ao sucesso se relaciona com o quão autodestrutivo alguém pode ser a si próprio, uma vez que tudo que ela vê e vivencia está, como todos em volta dizem a ela, dentro de sua própria cabeça. De maneira exagerada, a constante ansiedade da personagem de agradar aos outros é o que acaba a destruindo, mais ainda do que a força maligna que a persegue.
Nesse quesito, aliás, precisa-se aplaudir a atuação de Naomi Scott no papel de Skye Riley. Cada cena, seja no mais completo surto ou na mais silenciosa tensão, ela transmite ao público seus sentimentos de uma forma tão crua que o telespectador se sente a próxima vítima. Apesar de ser conhecida por papéis muito diferentes desse longa, ela com certeza se mostrou apta a performar os mais diversos personagens, além de ser capaz de carregar o filme todo praticamente sozinha.
Apesar dos pontos chaves da história se manterem parecidos, nessa sequência temos muito mais cenas grotescas e sangrentas. Mesmo o foco do filme não sendo o sangue e o gore, ele consegue usar desses artifícios como um potencializador do horror, e não apenas como recurso estético.
Outro detalhe que corrobora para esse filme trazer mais do terror para a obra como um todo são as movimentações da câmera, que também tornaram as cenas muito mais tensas. Junto da coreografia dos próprios personagens em tela, ela transforma cenários cotidianos e ordinários em situações desesperadoras e assustadoras, colaborando pra imprevisibilidade das ações, o que faz com que um filme supostamente clichê realmente traga o inesperado.
Em suma, Sorria 2 mostra como é possível inovar com uma ideia anterior sem que ela se perca totalmente. Apesar de ser de um gênero bem nichado e não ser um filme completamente extraordinário, é uma obra que conhece o seu público e sabe trabalhar com ele, além de ser capaz de conquistar também aqueles não tão acostumados com esse gênero e suas nuances.