Crítica escrita por Isasqui para a Maratona Adrenalina Pura.

As Duas Faces da Lei desconstrói o que até então estamos acostumados como thriller policial, subvertendo o mistério, mudando as pistas e fazendo o espectador pensar de trás pra frente. Confiando (ao passo em que sabota) o filme à dupla de veteranos, Robert de Niro e Al Pacino, que nessa obra marcam sua terceira parceria juntos, a dupla de detetives já começa a projeção se declarando como culpados de um crime, através de uma fita VHS.

A direção de Jon Avnet e a fotografia de Denis Lenoir, nos remetem muito a popularização dos police show, ou programa policial, que ganharam vida novamente nos anos 2000 com seriados como CSI. Trazendo reconstituições do crime com filtros granulados, edição rápida, na medida em que evidencia a cidade de Nova York caótica, suja e movimentada, além do uso de trilha sonora energética. são elementos que encontramos não só nesses shows que assistimos muito durante nossa infância na TV aberta, como nesse filme. Nessa contexto, a dupla de policiais caça um serial killer. A diferença é que ele mata apenas criminosos que, por alguma razão, escapam à justiça. Trazendo um elenco de peso como Carla Gugino, Brian Dennehy, John Leguizamo e o rapper 50 Cent, a dupla tenta descobrir a identidade do assassino, ao mesmo tempo em que um deles se torna o principal suspeito dos crimes.

Novamente, diferente de police films comuns, nesse somos convidados a embaralhar os passos da investigação, causando uma confusão proposital ao espectador, nos fazendo se questionar a todo momento quem é culpado ou inocente. A dupla acusada, é acentuada pela própria interpretação da dupla principal, que dispensa apresentações. A química de Al Pacino com De Niro está presente desde os vários momentos de comédia entre os dois, como os de drama, sendo Robert de postura mais dual e questionável, trazendo Turco, um policial cansado da corrupção, ao mesmo tempo em que declina sua moral a qualquer custo e Galo (personagem de Pacino), que exagera nos seus sentimentos e confronta todos com base em seus comentários. Ambos, se complementam e oferecem a força locomotiva desse filme. Contudo, talvez o tiro misterioso do longa seja confiar demais no carisma dos personagens, que não decepciona, mas não pode suprir outras confusões narrativas. Do mesmo modo que destaca a confusão rápida através da montagem, desaparece a coesão entre as cenas que soam avulsas a história no geral. Os enquadramentos repletos de close-up trazem uma aproximação do público para com os personagens, nos fazendo analisar seus rostos e tentar decifrar a verdade por trás de seus comentários, enfatizando a tensão. Os coadjuvantes participam desse jogo de ângulos, com exceção da subestimada Gugino, que se limita a ser o interesse romântico e sexual dos personagens, além da diminuição para mocinha em perigo no ato final.

 

Sendo assim, As Duas Faces da lei entrega o que seu título propõe: a dualidade entre a figura da ordem e do caos, causando uma reviravolta de questionamentos a quem assiste e criando uma tensão que se carrega para ser resolvida no final. Entretanto, essa mesma face que carrega pode explodir a cabeça da audiência pela confusão causada no próprio roteiro e decisões que subestimam não só o elenco principal, como coadjuvante, nos fazendo pensar que talvez um police film comum, com pistas e charadas para solucionar talvez não seja tão ruim assim.

Este texto foi escrito em parceria com o canal de streaming Adrenalina Pura, conhecido por sua curadoria de filmes de ação, catástrofe, terror e suspense. Até o Limite é um dos lançamentos de setembro no canal. Entre títulos originais e grandes produções protagonizadas por astros de Hollywood, o Adrenalina Pura tem um catálogo vasto, que conta com quase 400 produções. O canal de streaming está disponível na Prime Video ChannelsApple TV e Claro TV+.

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