Sinopse: Hellboy se une a um agente novato da B.P.D.P. na década de 1950 e os dois são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto. À medida que exploram os mistérios sombrios desse lugar isolado, Hellboy confronta segredos enterrados de seu próprio passado, levando-o a uma batalha épica contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo.
Ao lidar com demônios e o inferno em si, qual seria a arma mais eficiente de se usar? Na opinião de Hellboy, com certeza seria o próprio punho e uma boa arma. E é assim que Hellboy e o Homem Torto, longa de Brian Taylor, lidam com o assunto. Uma obra que mistura aventura com uma pitada de humor, cenas de ação para deixar qualquer um atento e a quantidade certa de terror, esse filme dá vida às histórias em quadrinhos na grande tela e mistura a literatura e a arte ao cinema de uma forma que agrada a todos os seus públicos.
Apesar de não contar com uma proposta inovadora e revolucionária, o longa consegue trabalhar bem no que se propõe a fazer. Como um filme de terror, traz uma boa tensão nas cenas que contam com o antagonista, o Homem Torto. Esse, em especial, apesar de pessoalmente achar o design visual meio fraco, carrega uma boa parte da atmosfera aterrorizante do longa. Com a interessante interpretação de Martin Bassindale, o personagem corrobora para grandes cenas do filme. Porém, mesmo com seu nome sendo parte do título, toda a narrativa em torno das bruxas, em especial da personagem Effie Kolb (interpretada por Leah McNamara), é o que realmente te prende na obra. Apesar de uma perspectiva bem comum sobre bruxas, seu desenvolvimento é bem mais explorado do que o do Homem Torto em si e, no momento em que entram em cena, dominam o espectador.
Outro fator muito bem trabalhado é a cenografia, que, juntamente aos antagonistas, realmente constrói a estética de inferno que o filme retrata em toda sua narrativa. O uso de muitas cenas noturnas, juntamente com lugares destroçados, cria uma energia negativa e de desespero em todos os locais que os personagens percorrem, fortalecendo a ideia de uma cidade pacata que, assim como seus habitantes, está em ruínas.
Mesmo que inicialmente não se pareça com um filme muito focado em seu roteiro, Hellboy e o Homem Torto aborda uma temática importante: o arrependimento. O fato de terem que lidar com demônios faz com que os personagens revisitem seus passados e se questionem: pecados podem ser perdoados? Um erro do passado é capaz de te assombrar pelo resto da vida ou apenas faz parte da sua história como um todo, te transformando em quem você é? O longa não traz uma resposta explícita a essas perguntas, mas propõe reflexões tanto aos personagens quanto ao seu público.
Por fim, o mais surpreendente da obra é sua fidelidade aos quadrinhos. Os filmes baseados em histórias em quadrinhos andam em uma certa decadência de acordo com a maioria de seus fãs, muitas vezes por não atenderem às expectativas, mesmo sendo ótimos filmes, outras, por serem simplesmente filmes fracos. Hellboy e o Homem Torto, por sua vez, consegue juntar uma narrativa interessante com uma história que agrada aos fãs do herói. Dessa forma, o filme diverte tanto àqueles que já estão familiarizados com o personagem quanto àqueles que o conhecem pela primeira vez tanto como um herói quanto na telona como um todo.
Em suma, Hellboy e o Homem Torto é justamente aquilo que se vende: um filme de terror de super-herói. Trata-se é um gênero cinematográfico muitas vezes subestimado pela maioria dos que se consideram “cinéfilos”, mas não deixa de trazer temas e abordagens interessantes de serem debatidas e, por isso, não deve ser colocado em uma caixinha que normalmente é tão excludente e nichada. Com certeza, espera-se ver mais do que esse personagem pode fazer em obras futuras, em aventuras que consigam unir tanto seu público literário quanto cinematográfico.