Sabe aquela sensação nostálgica que bate quando assistimos à Stranger Things? Ela não é incidental. A produção da série foi baseada no mapeamento de uma audiência faminta por consumir este tipo de conteúdo. Isto foi feito através dos dados de navegação da própria plataforma de streaming: Dentro do catálogo quase infinito da empresa, era grande número usuários que procurava por clássicos da cultura pop dos anos 1980 como E.T., Gremlins, De Volta para o Futuro, Os Goonies, etc. Mais do que o “retrato de uma época” esses filmes tinham diversos elementos em comum – o que permitiu que em 2017, Angus McFadzean propusesse categorizá-los como um subgênero cinematográfico: o Suburban Fantastic Cinema ou Suburbanismo Fantástico.
Suburban Fantastic Cinema é um nome usado para designar um conjunto de filmes Hollywoodianos que começaram a aparecer nos anos 1980, onde crianças e adolescentes que vivem no subúrbio são chamados para confrontar uma força fantástica e disruptiva – fantasmas, aliens, vampiros, gremlins e robôs maldosos. São filmes que emergiram de obras focadas no público adulto, melodramas suburbanos, e filmes e programas de horror, fantasia e aventura, clássicos dos anos 1950, e que passaram a ser sinônimo dos trabalhos de diretores como Steven Spielberg, Joe Dante, Robert Zemeckis e Chris Columbus. Comumente adereçados como filmes de crianças ou filmes “família”, sendo parte-chaves da infância do fim da geração X (1965-1980) e de toda geração millenial (1981-1996). (McFADZEAN, 2019, p.1) (Tradução do autor)
O suburbanismo fantástico é o foco do meu trabalho como pesquisador e, por isso, tive que assistir e reassistir vários desses filmes. Então, hoje, eu vou compartilhar onde você pode achar algumas das obras clássicas do subgênero na Netflix e na Amazon Prime. Quando acabarem a maratona, recomendo um outro artigo aqui do OCA-UFF, onde compartilho alguns filmes contemporâneos que seguem este mesmo estilo. É o chamado suburbanismo fantástico reflexivo (do qual Stranger Things faz parte) que se inicia em 2010 e que traz inovações temáticas, narrativas e maior representatividade ao subgênero.
Boa sessão!
Netflix
Karate Kid [1](John Avildesen, 1984)
De Volta para o Futuro (Back to the Future, Robert Zemeckis, 1985)
Karate Kid 2 – A Hora da Verdade Continua (Karate Kid 2: No Mercy, John Avildesen, 1986)
Karate Kid 3: O Desafio Final (The Karate Kid 3, John Avildsen, 1989)
3 Ninjas (Jon Turteltaub, 1992)
Beethoven, o Magnífico (Beethoven, Brian Levant, 1992)
Amazon Prime
E.T. – O Extraterrestre (E.T. – The Extraterrestrial, Steven Spielberg, 1982)
De Volta para o Futuro (Back to the Future, Robert Zemeckis, 1985)
De Volta para o Futuro II (Back to the Future II, Robert Zemeckis, 1989)
De Volta para o Futuro III (Back to the Future III, Robert Zemeckis, 1990)
Disney+
Esqueceram de Mim (Home Alone, Chris Columbus, 1990)
Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York (Home Alone 2: Lost in New York, Chris Columbus, 1992)
Abracadabra (Hocus Pocus, Kenny Ortega, 1993)
Se Brincar o Bicho Morde (The Sandlot, David Evans, 1993)
Flubber – Uma Invenção Desmiolada (Flubber, Les Mayfield, 1997)
Esqueceram de Mim 3 (Home Alone 3, Raja Gosnell, 1997)
Lembrando sempre que alguns filmes podem ter saído de cartaz, uma vez que o acervo das plataformas muda de tempos em tempos.
[1] Não é exatamente uma obra do Suburbanismo Fantástico, mas para quem gostar dos filmes – recomendo a série Cobra Kai – que conta a história da rivalidade de Daniel LarRusso e Johnny Lawrence, 30 anos depois.
Referências Bibliográficas
McFADZEAN, Angus. Suburban Fantastic Cinema: Growing Up in the Late Twentieth Century. Wallflower Press. Columbia University. NY, 2019