Laís Diel é produtora do curta-metragem “Manhã de Domingo”, único filme brasileiro selecionado nas mostras competitivas do Festival de Berlim 2022. Nessa entrevista com Pedro Lauria, editor geral do OCA-UFF, Laís conta um pouco sobre o processo criativo do filme, a animação quanto ao anúncio da seleção, as dificuldades e suas perspectivas sobre o momento atual do cinema brasileiro.
Biografia da Entrevistada:
Técnica em Audiovisual e bacharel no curso de Cinema e Audiovisual da UFF.
Atuante há 8 anos na área de Produção e Produção Executiva de projetos audiovisuais. Foi estagiária de produção na Duas Mariola Filmes, estagiária de Bussiness Affairs na Conspiração Filmes e atualmente é assistente de produção executiva na A Fábrica.
Assinou a Produção Executiva dos curtas-metragens “Pele Suja Minha Carne” (2016), vencedor do Prêmio Elipse, “BR3” (2018), selecionado para o programa Soul in the Eye do Festival de Roterdã de 2019, “Gargaú (2021), vencedor do Prêmio Volvo para Melhor Curta-Metragem (até 40’) do Festival Doclisboa de 2021, e “Manhã de Domingo”, selecionado para o Festival de Berlim de 2022.
Trailer de “Uma Manhã de Domingo”:
Sinopse de “Manhã de Domingo”:
Gabriela está sentada tocando um piano – para ela, para ele, para sua mãe e para um recital que está vindo. O presente se entrelaça com o passado. Quando mais fundo ela vai, mas perto ela chega de encontrar paz interior e reconciliação.
Entrevista em vídeo com Laís Diel:
Você confere um resumo (bem resumidinho) da entrevista abaixo:
Laís, fale um pouco de você.
Eu fiz um ensino médio no curso técnico em audiovisual em Petrópolis sem pretensão nenhuma. Em 2014 entrei nem Cinema na UFF e no segundo semestre eu já comecei a trabalhar com produção. Nunca mais parei.
De onde surgiu a ideia do “Manhã de Domingo”? Como foi o processo?
Eu e Bruno Ribeiro (diretor do filme) que também foi estudante da UFF, nos conhecemos na faculdade e tivemos uma parceria desde então: ele como diretor e eu como produtora. Esse foi o nosso terceiro projeto de curta juntos. Desde o primeiro a gente já estava com edital, e, naturalmente, os orçamentos foram aumentando.
Enfim, a gente escreveu um projeto que é muito diferente do que hoje é o filme. Lembro que ele se passava na UFF. Quando o Bruno conheceu a Raquel Paixão (atriz principal), ele apresentou o projeto e ela aceitou – é o primeiro trabalho dela como atriz (Raquel é pianista). Ela trouxe a vida inteira dela pro filme em um processo junto com o Bruno, com o resto do elenco e da equipe. Ela não entrou depois e se encaixou ao roteiro, mas contribuiu em sua produção. (…) Ninguém ali tem know how de música clássica, e nem orçamento para pagar um preparador, então ela teve papel ativo nesse processo.
(…) Foi uma loucura gravar em três municípios, cinco dias. Tivemos que reconstruir muita coisa nessa montagem. (…) É um filme de pouca fala, mas é um filme que fala muito. (…) Passando muito pelo onírico.
Como foi receber a notícia da seleção para Berlim 2022?
Foi louco. Eu já estava sem esperanças. A gente foi descobrindo aos poucos que éramos os únicos brasileiros (dentre os selecionados a longa, documentário e curta-documentário). A ficha vai caindo aos poucos cada dia. A galera do festival está sendo incrível, mega preocupados com a nossa participação presencial lá (o festival é do dia 10/02 até o dia 20/02/2022).
É um festival caro em um momento que o real está muito desvalorizado. Como se deu a decisão de fazer um financiamento coletivo?
Eu fico triste sabe? De ter que recorrer a sociedade civil/iniciativa privada. Mas é a última alternativa. Nós vamos representar o Brasil lá fora. O programa da ANCINE que apoiava não apoia mais desde 2020 (a alegação se deve à pandemia). A embaixada também nada. Outros tipos de instituição também nada. Só estamos batendo de cara na porta.
Cara, a gente é o único filme brasileiro concorrendo ao Urso de Ouro dessa edição. Isso é muito desgastante para quem faz ou pra quem quer fazer cinema.
O financiamento coletivo foi a nossa última saída.
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Gostou da entrevista? Tem muito mais na versão em vídeo lá em cima!
Ficha Técnica de “Manhã de Domingo”
Elenco: Raquel Paixão, Leonardo Castro, Silvana Stein, André Pacheco, Indira Nascimento, Valéria Lima, Ítalo Pereira e Layza Griot
Direção: Bruno Ribeiro
Roteiro: Bruno Ribeiro e Tuanny Medeiros
Produção Executiva: Laís Diel
Assistente de direção: Carla Villa-Lobos
Direção de produção: Julia Monnerat e Laís Diel
Assistentes de produção: Erivan Dantas, Victoria Zanardi
Direção de Fotografia: Wilssa Esser
Assistentes de fotografia: Érica Rocha e Thaís Grechi
Direção de Arte: Diogo Hayashi
Assistentes de arte: Daniel Santiso, Maria Leite e Mariana Cypriano
Som: Gustavo Andrade
Microfonista: Mariana Graciotti
Elétrica e maquinária: Bernard Machado
Assistente de elétrica e maquinaria: Marina Gurgel
Figurino: Mayra Barroso
Assistente de Figurino: De Beija
Maquiagem e cabelo: Ingrid Louise
Still: Vitor Moniz
Designer de Som: Bernardo Uzeda
Montagem: Vinícius Silva
Patrocínio: Prefeitura de Niterói