Sinopse: Uma plataforma de petróleo afunda e a causa pode significar que toda a região da costa norueguesa está em iminente risco. Uma piloto de submarino deve se arriscar para salvar aqueles que ama dessa tragédia.
Caro leitor, dependendo da atenção que você depositar no texto, toda crítica pode conter spoilers!
PEDAGOGIA AMBIENTAL
Muitos teóricos do cinema dedicaram-se à potência das imagens em movimento e à impressão de realidade que elas estabelecem com o espectador… Eu não serei pretensiosamente chato ao me aprofundar nessa questão, mas preciso apontar para a escolha curiosa do diretor norueguês John Andreas Andersen em seu longa-metragem MAR EM CHAMAS de 2021; como primeira e última cena do filme, vemos o trecho de um suposto documentário a respeito da região oceânica da costa norueguesa – por décadas explorada pela atividade petrolífera. Obviamente não se tratam de imagens de arquivo, e sim de um falso documentário que alerta para o risco da exploração desenfreada e seus impactos ambientais. Essa escolha leva a crer que o realizador parece desconfiar da clareza do argumento central de sua obra, e a encapsula em um argumento de autoridade de onde não se pode questionar e nem restar dúvidas. Movimento um tanto quanto desnecessário, haja visto que todo filme-catástrofe tem em si a retórica da preservação e da pedagogia ambiental, mesmo que simplista. Dito isso…
PIPOCA E BOLO DE CHOCOLATE
Filmaço! Se toda a questão ambiental se perde um pouco ao longo de seus 104 minutos e torna-se meramente plano de fundo, o melodrama fundamentado no reencontro do casal principal em meio ao caos é suficientemente bem construído. O ritmo é excelente e colabora com a crescente tensão pelo desfecho, mesmo que um tanto quanto previsível. E a previsibilidade não é necessariamente um ponto fraco; certamente não aqui! Afinal, pipoca de cinema tem sempre gosto de pipoca de cinema, e bolo de chocolate de festa infantil é sempre o bolo mais gostoso. O filme é – sem arrependimentos – um entretenimento de sábado à noite com a família, e encontra sua grande virtude na convicção dessa característica. O amor que precisa vencer obstáculos, o fiel escudeiro cheio de piadas, a vilania localizada nos executivos engravatados, a revolta da natureza contra os abusos do homem… Está tudo ali. E funciona. Até mesmo as resoluções rocambolescas são bem-vindas – afinal, nós compramos aquela realidade.
QUEREMOS EXPLOSÃO!
Como discurso ambiental, falta. Há uma superficialidade e nenhuma argumentação política. Mas talvez essa nem tenha sido a intenção. Talvez a temática tenha sido somente um pretexto para algumas explosões em alto mar… Quem sou eu pra julgar. O que de fato resta é um filme divertido e que carrega em si todas os clichês mais apreciados do gênero. O filme acerta o tom e é entretenimento prazeroso e bem sucedido.
P.S. Baita atriz essa Kristine Kujath Thorp!