Sinopse: Charlotte é uma menina rebelde de 12 anos que encontra uma pequena aranha em seu prédio. Ela a mantém em uma jarra, mas logo o bicho começa a crescer em um ritmo monstruoso e a desenvolver um apetite insaciável por carne humana.
Por que cada vez mais os filmes de terror passam por um processo de marvelização de suas narrativas? Será que esse é o futuro do cinema de horror contemporâneo? Sting: Aranha Assassina, longa de Kiah Roache-Turner, me traz esses questionamentos. Na obra, uma garotinha decide cuidar de uma aranha inicialmente inofensiva, mas que se mostra posteriormente uma assassina, a fazendo lutar contra si para que Sting não destrua sua família.
Seguindo a tendência atual de filmes de terror com criaturas sobrenaturais e sanguinárias, o longa se assemelha aos recentes filmes desse gênero de maneira positiva. Cenas de tensão, personagens com problemas pessoais que vão além da ameaça iminente e relações interpessoais além do romance. À primeira vista, parece ser mais um daqueles filme com momentos cômicos e que seria ideal para se ver com amigos, porém se perde numa tentativa fantasiosa.
Assim como outros do gênero, Sting tenta se construir com base em uma luta final de caráter épico entre a criatura e o humano, que nesse caso é representado por Charlotte e sua família. Com bordões clichês e tensões nesses momentos que já estão saturados, o filme acaba por remeter a uma luta praticamente heroica entre o bem e o mal. Isso não necessariamente conta como algo negativo, porém nesse caso específico, não funciona.
Além dos conflitos internos dos personagens não serem tão bem explorados, como o Alzheimer da avó ou a arrogância da tia-avó, a própria existência da aranha é um questionamento. De onde pode ter surgido uma aranha que imita outros sons? E, mais importante, por que ela crescia pouco em tão pouco tempo e mesmo assim a protagonista decide mantê-la com um animal de estimação? Ao invés de parecerem apenas observações ou questionamentos que poderiam ser respondidos em sequências, se tornam apenas pontos sem nó do longa.
Sting: Aranha Assassina é, portanto, um filme que talvez não seja sua primeira opção para assistir numa noite com os amigos, mas definitivamente vale uma tentativa. Divertido; mas não inovador. Com uma monstruosidade levemente exagerada que chega a ser valorizada. Mas o filme realmente se perde enquanto tenta se tornar um filme caracteristicamente blockbuster. Ao tentar tão avidamente furar a bolha de seu gênero e alcançar públicos gradativamente maiores, a obra torna-se algo que não agrada a ninguém, nem seus telespectadores casuais quanto ávidos cinéfilos de terror. De maneira quase que irônica e metafórica, assim como o aumento de tamanho da aranha, enquanto maior a tentativa de desvincular as imagens do filme a mais um clichê do horror, maior a oportunidade de desagradar a todos.