Crítica de João Pedro Ferreira.

Sinopse: A pequena traça Teca vive com sua família e seu fiel ácaro de estimação Tuti numa caixa de costura. O que eles mais gostam é de comer papel, mas, quando Teca aprende a ler, percebe que os livros não podem ser comidos, afinal eles guardam as histórias que ela adora.

O elemento central da trama é a autodescoberta. Um filme com essa temática enfoca a jornada interna do protagonista, que passa por um processo de compreensão mais profunda de si mesmo, suas emoções, seus valores e sua identidade. Essas obras frequentemente exploram temas de crescimento pessoal, mudança de perspectiva e transformação interior, com o enredo girando em torno do amadurecimento e desenvolvimento emocional do protagonista. Este, muitas vezes, enfrenta desafios internos e externos que o conduzem a uma nova compreensão de si mesmo. No caso de Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca (2023), a protagonista segue inicialmente o costume de seu povo, o de comer papel de livros. No entanto, ao conhecer a literatura, seu mundo se expande e ela passa a discordar de sua família, que ainda mantém o hábito de comer papel.

A técnica de animação utilizada no filme é o stop-motion, que consiste em movimentar e fotografar miniaturas quadro a quadro, resultando em uma sequência animada detalhada e fluida. Atualmente, essa técnica é rara no audiovisual e sua ausência é sentida. No filme, essa técnica é combinada com live-action, em que personagens humanos desempenham um papel de ligação na trama. A história apresenta Zico, uma criança que vai à biblioteca e pega o livro Alice no País das Maravilhas, o que desperta em Teca uma paixão pela literatura e um desejo de explorar esse universo. Após os primeiros trinta minutos, que servem para apresentar o universo e a heroína, a narrativa ganha ritmo quando a protagonista embarca em uma aventura na biblioteca, onde conhece o mundo da literatura e adquire traços de animação 2D. A obra contém referências a contos de fadas, folclore brasileiro e outras histórias.

O filme é educativo e tem como público-alvo as crianças pequenas em fase de aprendizado da leitura. Assim, combina entretenimento com elementos educacionais, ajudando os pequenos a desenvolverem suas habilidades de leitura, escrita e compreensão de linguagem.

A obra é musical e cumpre muito bem esse papel, com músicas divertidas e cativantes, acompanhadas por um som de violão leve que lembra peças infantis, As letras das músicas são projetadas para serem simples, repetitivas e educativas, facilitando a memorização e o entendimento das crianças, e o ritmo com melodias suaves e calmantes. A trilha sonora do filme é assinada por Hélio Ziskind, compositor renomado por suas contribuições a programas infantis como Cocoricó e Castelo Rá-Tim-Bum.

Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca (2023) é uma animação que, além de entreter as crianças, é bem educativa, com músicas envolventes que complementam a narrativa, criando uma experiência rica e transformadora para esse público em fase de aprendizado na leitura. 

 

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