,Crítica escrita por Luiza Pinto Joaquim para a cobertura da 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos.
Sinopse: No futuro pós-pandemia da Covid-19, a centralidade será o cassino financeiro e a acumulação de riqueza por uma elite ou uma vida de qualidade para todos, com menos desigualdade? O Estado mínimo se mostrou capaz de atender ao coletivo? Como garantir a vida sem direitos sociais e trabalhistas? Em qual modelo de sociedade queremos viver? O filme aborda o desmonte do conceito de bem-estar social e nos faz refletir sobre a incompatibilidade do neoliberalismo com um projeto humanista de sociedade.
Quanto vale a vida? Esse é o questionamento levantado pelo documentário A Bolsa ou a Vida de Silvio Tendler, o qual se passa na época da pandemia de Covid-19 (2020, 2021) e tem o foco no aumento da desigualdade social e econômica proveniente da época de isolamento. A obra conta com entrevistas de diversas pessoas diferentes como: economistas, professores, chefes de organizações sociais, entre outros.
O longa aborda diversos temas que constroem a desigualdade brasileira, desde o agronegócio, até a relação pessoa-sociedade. Essa discrepância que se tornou acentuada com o Covid-19 e o lockdown, devido ao fechamento de vários meios de trabalho. Outro ponto muito bem salientado é como os ricos acumularam mais riqueza nessa época de abalo mundial, dinheiro esse que poderia ajudar bilhões de pessoas ao redor do mundo.
O filme é bem direto ao ponto, com uma posição bem estabelecida, mostrando de forma clara o embasamento para o que está falando, a narrativa se dá em grande parte pelas entrevistas que juntas constroem pelo ponto de vista geral explicando como chegamos a esse estado de quase colapso. A obra conta com outras narrativas como: algumas animações, a história de uma estudante que trabalha nesse momento com entregadora e algumas performances ao longo do filme.
Essa obra é de grande importância, tanto como documento, de uma época caótica para a sociedade brasileira, como material de debate político, social e econômico, e é de extrema importância entender para onde nosso dinheiro vai e o que é feito com ele, se contribui para algo importante.
Entretanto, o filme tem um final esperançoso, focando em um futuro feito pelas pequenas mudanças, tanto individuais quanto dos pequenos coletivos, mostrando que mesmo com todos os problemas ainda existe um caminho, por meio das nossas lutas, e assim construiremos nosso próprio futuro.
O filme de encerramento da 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos tem a cara do festival, é uma obra que escancara o que muitas vezes é escondido e não abordado, e mostra de forma clara o que aconteceu e vem acontecendo, há muito tempo, na sociedade brasileira.