Crítica escrita por Luiza Pinto Joaquim para a cobertura da 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos.
Sinopse: A partir de materiais produzidos em diversos momentos da sua trajetória, Silvio Tendler constrói um autorretrato, fiel à sua identidade como cineasta, no filme que marca seus 70 anos de vida. Em uma costura de sua própria história feita com retalhos, o diretor traz reflexões sobre o conceito de memória, a marca do acaso em sua trajetória, as perdas ao longo do caminho e os sonhos que o movem.
Memórias são uma das coisas mais importantes do ser humano, é o que nos torna nós mesmos, o que faz as pessoas nos conhecerem e lembrarem de nós. Em Nas Asas de Pan Am, Silvio Tendler, também conhecido como “cineasta dos sonhos interrompidos”, agora nos conta sobre sua vida, conhecemos sua história, sua família, suas ambições e sonhos, sabemos como trilhou e por onde caminhou. Nessa obra, com o auxílio de imagens guardadas com o passar dos anos, ele as junta para contar sua história como em uma colcha de retalhos, fazendo paralelos com temas como memória e perdas.
O filme conta com uma narrativa não-linear, que muda com o passar dos temas, movendo-se pelo tempo em idas e vindas, o que pode confundir em alguns momentos e, por ser um documentário, ele é narrado para que as imagens tenham o seu sentido, porém, por ter mais de uma voz descrevendo sobre sua vida, no começo pode ser motivo de confusão, mas nada que no passar do tempo não seja incorporado junto às imagens.
Sua montagem conta com imagens de arquivo em sua maioria (própria e de terceiros), mas também conta com entrevistas que permeiam os pontos tocados pelo documentário. Ele, como um diretor experiente, consegue conduzir facilmente o filme, tocando em diversos tópicos e contando diversas histórias que convergem para o mesmo caminho. O longa tem seu foco maior nos anos 60, 70 e 80, passando pelos 90, até 2020, finalizando na primeira exibição da obra em seu aniversário de 70 anos.
O documentário também faz paralelos com sua ligação com o socialismo e os caminhos pelos quais ele lhe levou, por meio de imagens da época podemos conhecer os acontecimentos por outra perspectiva. Tendler viajou por diversos países para conhecer mais sobre e marcou a história por meio da sua curiosidade. Ele que, através dela, se encontrou e descobriu o caminho para trilhar no cinema e na fotografia, criou o seu método de arte (cinema político) e por meio dele realizou diversos filmes sobre os acontecimentos do mundo.
Portanto, Nas Asas da Pan Am é um bom exemplo de documentário autobiográfico, pois Tendler consegue englobar bem os paralelos dos temas abordados com sua vida de forma interessante para os espectadores. É uma obra que te prende por sempre ter algo novo e diferente para contar, desde os lugares que passou até as pessoas que conheceu.