Foto: João Paulo Rolon

No dia 20 de outubro os alunos e professores Kambeba, que vivem na Comunidade Três Unidos, no Amazonas, participaram de uma formação audiovisual na Escola Indígena Municipal Kanata T-Ykua. A oficina, intitulada “Demarcar a tela: formação audiovisual Kambeba”, foi realizada através do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Experiências Transdisciplinares em Educação (Lepete), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Com o objetivo de democratizar o conhecimento e torná-lo mais acessível para a sociedade, o Lepete realizou a oficina para que os alunos e professores Kambeba da região possam utilizar o audiovisual como uma ferramenta primordial de representação a partir de um olhar próprio. A coordenadora do Laboratório, professora Eglê Wanzeler, destaca que a oficina teve uma importância primordial para o fortalecimento da luta e da resistência indígena na Amazônia e no Amazonas, especialmente quando as populações indígenas vêm sofrendo ataques cruéis sobre seus territórios, suas culturas e suas vidas. A professora destaca ainda que “no campo de suas reafirmações identitárias étnicoculturais, o uso de tecnologias de comunicação e interação é uma forte ferramenta de luta pela representatividade indígena nos espaços das culturais digitais. A produção audiovisual a partir do olhar e da cultura Kambeba é uma resposta decolonial contra a violência simbólica, cultural e física de seus corpos, culturas, territórios e línguas. A oficina foi uma aposta decolonial circunscrita na e pela interculturalidade crítica, antirracista e emancipatória”.

 O curso foi realizado por meio dos professores Brener Neves, Helione Meireles e Pedro Gonçalves, que propuseram uma formação centrada na prática e em um olhar Kambeba. Ao longo da oficina, os participantes tiveram um primeiro contato com as técnicas audiovisuais para, em seguida, ficarem livres e criarem suas próprias técnicas de filmagem. Depois de alguns exercícios práticos, o resultado foi a realização de dois curtas-metragens documentais na própria comunidade. O primeiro, intitulado “O artesanato Kambeba”, mostra a importância do artesanato para a região com entrevista e imagens do Centro de Artesanato Kambeba. O segundo, que se chama “Paraíso Omagua: o cotidiano Kambeba”, traz o dia a dia da comunidade e da escola.

Para a aluna Raylene Kambeba, foi um momento muito proveitoso “a oficina fortalece a nossa cultura e ajuda a manter a nossa identidade, a mostrar pro mundo que os povos indígenas são capazes”. Ao realizar essa oficina, assim como tantas outras que acontecem em aldeias pelo Brasil, tentamos desconstruir mais de 500 anos de história contada a partir do ponto de vista do colonizador, de modo que os novos realizadores audiovisuais indígenas potencializem as imagens a partir de percepções próprias.

Imagens da oficina e os curtas-metragens realizados pelos alunos podem ser conferidos no Instagram do Lepete.

Ir para o conteúdo