O Seminário de Pesquisa é organizado pelos doutorandos da turma de 2020 do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual (PPGCINE), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Atravessadas desde o começo pelo isolamento social e outras questões que a pandemia de Covid 19 apresentou, suas pesquisas atuais são impactadas e refletem as mudanças vividas por pesquisadores no Brasil e no mundo, nos últimos dois anos. Tendo o audiovisual como aliado durante este tempo, apresentam os movimentos de suas investigações, debatendo questões como o corpo, territórios e circulação no cinema. O Seminário “Pesquisa em Movimento: corpo, território e circulação no cinema” ocorrerá on line de 11 a 13 de julho de 2022, a partir das 14h. As mesas serão transmitidas pelo canal do Youtube da Unitevê UFF e os debates serão realizados pelo link: meet.google.com/psu-rdtu-roe
11 julho,seg
14h, Abertura
Sob o Signo da Pandemia e da Tecnologia
Profa. Dra. India Mara Martins (UFF)
Professora Associada do Departamento de Cinema e Vídeo, na área de Design Visual/Direção de Arte, Coordenadora do Programa de Pós Graduação em Cinema e Audiovisual (PPGCINE) da Universidade Federal Fluminense. Mestre em Multimeios pela Unicamp e Doutora em Design pela Puc-Rio. Pós doutorado na Concórdia University, em Montreal, Canadá. Autora dos livros “A paisagem urbana no cinema de Wim Wenders” e “Estéticas do Digital: Cinema e Tecnologia”, com Manuela Penafria.
MEDIAÇÃO: Roberta Mathias
15h, MESA 01:
Cinema e Corpo
Sons hápticos e memória corporal em narrativas queer
Breno Alvarenga
A partir de autobiografias queer, investiga-se a capacidade do som do cinema de representar categorias de memória, em especial as memórias corporais. Dessa forma, toques e demais sensações físicas podem se apresentar para o espectador via sons hápticos, dando a ver (e ouvir) memórias de desejos e afetos de diferentes realizadores, em que o corpo queer torna-se local de prazer.
Cinema e artesanato. Traços, experiência e modos de produção
Marcel Gonnet Wainmayer
O que é “cinema artesanal”? A proposta é explorar procedimentos, relações e cruzamentos entre o domínio artesanal e o campo específico da produção audiovisual. No livro “O Artífice”, Richard Sennet recupera a tradição do pensamento sobre o artesanato, e propõe sua aplicação em áreas como a programação de computadores, o que abre a possibilidade de explorar os problemas da poiesis e a alienação na produção audiovisual. As noções de Cinema e Experiência (Miriam Hansen) e Cinema de Atrações (Tom Gunning) podem servir como âncoras para pensar as novas formas de produção e seus traços artesanais.
Corpo-câmera – alguns aspectos da noção Kaiowá de imagem
Iulik Lomba de Farias
Uma câmera capaz de filmar o não-visível é também capaz de agir em esferas de não-visualidade e, na contramão, ser vista e afetada por elas. Tal constructo relacional deflagra uma espécie de inversão produzida pela cosmologia de cineastas Kaiowá a respeito de uma “condição” corpórea da câmera, de certo modo distanciada de seus contextos de produção industriais não- indígenas, como se tal dispositivo de fazer imagens adquirisse considerável autonomia de sua gênese fabril, para corporificar em si mesmo; uma contra-gênese ontológica não-humana,
alocada nos domínios do xamanismo.
Comentários: Profa. Dra. Beatriz Furtado (UFC)
É professora da Universidade Federal do Ceará. Realizou pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2020) e no Université Paris III – Sorbonne Nouvelle (2011/2012). Fez doutorado em Sociologia pela UFC e com bolsa-estágio em Filosofia, na Universidade de Lisboa. É mestre em Comunicação pela Universidade Autônomade Barcelona, Espanha. Publicou os livros “Imagens que Resistem – o Cinema de Aleksander Sokurov (Intermeios), “Fazendo Rizoma” (Hedra), junto com Daniel Lins, “Pós-Fotografia, Pós-Cinema” (Sesc/SP), junto com PhiçippeDubois; e “Imageme Liberdade
” (EdiçõesUFC), junto com André Parente e André Brasil, entre outros.
MEDIAÇÃO: Roberta Mathias
12 julho, terça
14h, MESA 02:
Territórios, corpos e audiovisual
Veículos sobre rodas do progresso e do declínio em O Som ao Redor, Aquarius e Bacurau.
Luís Henrique Marques Ribeiro
Imagens cinematográficas de veículos sobre rodas são elementos recorrentes em O som ao redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019). Analisamos os modos de aparecimento do carro. Para isso, utilizamos conceitos de progresso e declínio (KOSELLECK, 2020). Os resultados obtidos operam em duas clivagens vinculáveis: (1) nareflexão sobre a linguagem cinematográfica (DELEUZE, 2018); (2) na produção discursiva sobre as relações entre espaço habitado, classe e raça.
Da Villa ao Barrio? O território como experiência imagéticano cinema de César González
Roberta Mathias
O diretor bonaerense César González despontou no início dos anos 2010 como literato e logo inaugurou uma vasta produção audiovisual. Neste artigo, pretendo ater-me aos primeiros curtas que já evidenciavam o território como questão central em sua carreira. Nesses também podemos observar de maneira inicial um conceito que González posteriormente desenvolveria em seus filmes, o de “cinema villero”.
Televisão Pública: cinco décadas de resistência. Conexões com a periferia, arte e cultura.
Rosália Figueirêdo
A criação da televisão pública brasileira se deu na vigência da ditadura militar, e seu ponto de partida aconteceu em solo nordestino com a criação das televisões educativas. TVs que em 2007 passaram a fazer parte da Rede de Televisão Pública Brasileira, a TV Brasil. Nosso recorte compreende entre os anos 1972 e 2022, pontuando avanços e retrocessos que as gestões governamentais impuseram às emissoras públicas, estabelecendo dentro desta delimitação espaço temporal, vínculos com territórios periféricos, a arte e a cultura.
Cinema de grupo e a sensilização do corpo-docente
Viviane Cid
Trago reflexões sobre processo inventivo disparado pelo cinema de grupo mobilizado pela pedagogia do dispositivo. Desde 2018, o projeto de extensão Cinema de Grupo do Laboratório Kumã/UFF volta-se aos docentes da educação básica. O projeto não exige saber técnico, apenas a construção de um território por onde é possível criar pelo encontro. O cinema aproxima-se da prática clínica pela potencialidade de gerar deslocamentos do eu e a criação de um comum por onde germinam inventividades para além das modelizações impostas.
Comentários: Prof. Dr. Samuel José Holanda de Paiva (UFSCar)
É professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Um dos líderes do Cinemídia – Grupo de Estudos sobre História e Teoria das Mídias Audiovisuais. Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Pernambuco (1986), mestre (1999) e doutor (2005) em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado pela University of Reading (Reino Unido, 2019). Pesquisador de cinema brasileiro, é autor do livro “A Figura de Orson Welles no Cinema de Rogério Sganzerla” (Alameda, 2018), coeditor dos livros “Viagem ao Cinema Silencioso do Brasil” (Azougue Editorial,2011) e “XI Estudos de Cinema e Audiovisual” (Socine, 2010). Codiretor do documentário “Passages: Travelling in and out of Film through Brazilian Geography” (Passagens: O Cinema Brasileiro entre Mídias, Tempos e Espaços, 2019).
MEDIAÇÃO: Breno Alvarenga
13 julho, quarta
14h, MESA 03:
Exibição e Recepção
Netflix, algoritmos e nova espectatorialidade
Danielle Borges
Os processos de dataficação, cultura algorítmica e plataformização estão profundamente relacionados e devem estar em perspectiva nas análises sobre as plataformas de Vídeo por Demanda e suas implicações nos estudos de recepção. Desse modo, sem pretender abordar todas as possíveis discussões teóricas em torno desses fenômenos, propõe-se uma análise da Netflix a partir dos possíveis efeitos desses processos nos relacionamentos que se estabelecem entre a audiência e a empresa e seus produtos/serviços.
Desafios para o mapeamento da exibição cinematográfica na Bahia no início do século XX
Filipe Brito Gama
As primeiras três décadas do século XX marcam o período de lenta consolidação das iniciativas de exibição cinematográfica em Salvador, estabelecendo também a crescente presença de ações de projeção de filmes em cidades do interior da Bahia. Esta comunicação tem como objetivo apresentar os caminhos da pesquisa de mapeamento da exibição cinematográfica na Bahia, no início do século XX, tratando especialmente do processo de interiorização dessa atividade, entre exibidores itinerantes e salas fixas, observando possíveis rotas de circulação dos filmes no estado.
Lançamento e recepção de Favela dos meus amores e Cidade Mulher: primeiras reflexões
Lívia Maria Gonçalves Cabrera
A Brasil Vita Filme, empresa dirigida por Carmen Santos, fundada em 1934, estreou nos circuitos brasileiros dois filmes musicais:Favela dos meus amores, em 1935, e Cidade Mulher, em 1936, ambos dirigidos por Humberto Mauro. A proposta de comunicação irá traçar o circuito em que ambos os filmes foram lançados e percorreram nas semanas que sucederam o lançamento, refletindo sobre seus sucessos e fracassos. Também buscaremos analisar o trabalho e os conflitos desses lançamentos com a Distribuidora de Filmes do Brasil, criada por intermédio da Associação Cinematográfica de Produtores Brasileiros.
Comentários: Prof. Dr. Pedro Butcher (ESPM-Rio)
Jornalista, crítico e pesquisador. Formado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ e doutor em Cinema e Audiovisual pelo PPGCine/UFF, trabalhou como repórter e crítico em O Dia, Jornal do Brasil, O Globo, Veja Rio e Folha de S. Paulo. Colaborou para revistas internacionais como Screen International e Cahiers du Cinéma. Faz parte das equipes de curadoria da Mostra CineBH e do encontro de coprodução Brasil CineMundi. Desde 2017, é mentor do Talent Press do Festival de Berlim e coordenador do Talent Press Rio. É também professor do curso de cinema e audiovisual da ESPM-Rio.
MEDIAÇÃO: Rosália Figueirêdo
16h, Encerramento:
Escrever com os filmes: processos criativos no texto e na prática do audiovisual
Prof. Dr. Arthur Lins (UFPB)
Professor de Montagem no curso de cinema da Universidade Federal da Paraíba. Atua como diretor/roteirista, tendo realizado cinco filmes entre curtas e média-metragens, sendo exibido e premiado em importantes festivais de cinema nacional. Trabalhou por três anos como produtor cultural da TV-UFPB, produzindo programas e documentários televisivos. Desenvolve pesquisa acadêmica na área de narrativas audiovisuais e cinema contemporâneo, onde obteve o título de mestre no programa de pós-graduação em Letras/UFPB ao estudar processos de adaptação no cinema de Beto Brant. Coordena o projeto de extensão em ‘Estética e Política’. Participa a mais de dez anos de cineclubes locais, assumindo esporadicamente a função de curador associado do Tintin Cineclube. É doutor em Cinema e Audiovisual pelo PPGCine/UFF.
MEDIAÇÃO: Filipe Brito Gama