Depois da lista de 5 filmes dirigidos por mulheres para ver na MUBI, aqui está a lista de 5 curtas dirigidos por mulheres para ver na MUBI. O formato de curtas-metragens permite que as produções precisem de menos recurso para serem realizadas e assim, faz com que mais cineastas emergentes possam desenvolver suas narrativas. Recentemente, a MUBI fez uma lista com os 10 filmes mais assistidos na plataforma em 2021. Só dois curtas entraram no ranking: Nimic (2019), dirigido por Yorgos Lanthimos, e Olla (2019), da grega Ariane Labed, que aliás, atuou no filme O Lagosta (2015), de Lanthimos. Labed foi a única diretora de curta-metragens que apareceu na lista. Aqui vai dicas de outros curtas dirigidos por mulheres para assistir na MUBI:

 

1. Shangri-la – Isabel Sandoval (EUA, 2021)

           Este maravilhoso curta da cineasta filipina Isabel Sandoval narra uma história sobre desejo e fantasia através da perspectiva feminina. Indo contra a narrativa de mulheres racializadas como objetos de desejo, aqui é a imigrante asiática que fala ativamente sobre seu erotismo e paixão por um homem branco. A separação e união entre os corpos é trabalhada delicadamente através das imagens e do texto. O filme se passa nos Estados Unidos em um período em que a lei antimiscigenação proibia casamentos interraciais. Além disso, é interessante observar a dicotomia entre realidade e ficção que a protagonista enfrenta internamente: ela tinha sonhos e expectativas que não correspondem à realidade de sua vida como imigrante em um país racista que explora mão de obra barata.

 

2. Atlantics – Mati Diop (França/Senegal, 2009)

          O documentário de Mati Diop retrata jovens senegaleses que discutem suas esperanças e medos em relação à travessia que farão de de barco atravessando o Atlântico para chegar à Europa. O curta aborda um dos reflexos da colonização: a imigração ilegal, que muitas vezes pode ser fatal para aqueles que tentam sair de seus países em busca de uma vida melhor. Os personagens, ao redor de uma fogueira, refletem sobre esta jornada que pode matá-los. Mati Diop, inspirada neste curta, fez o longa-metragem Atlantique (2019), disponível na Netlix, se tornando, em 2019, a primeira mulher negra e a primeira cineasta de origem africana a ganhar o Grand Prix em Cannes. Apesar de tematicamente semelhantes, os dois filmes são muito diferentes e ambos merecem ser vistos.

 

3. Rebu – A Egolombra de uma Sapatão Quase Arrependida – Mayara Santana (Brasil, 2019)

          Rebu é um curta documental onde a diretora, de forma corajosa, reflete sobre seus comportamentos tóxicos em seus relacionamentos lésbicos. Mayara Santana investiga os motivos dela sentir tanta raiva e faz uma reflexão importante e bem-humorada sobre o amor, orientação sexual, racismo e masculinidade. A cineasta pernambucana expõe seu amor pelo pai ao entrevistá-lo, ao mesmo tempo em que percebe que alguns de seus comportamentos abusivos vieram dele. Em seus relacionamentos, ela romantizou e reproduziu essas atitudes típicas da masculinidade hegemônica. Ela expõe sua culpa sem medo, tentando ressignificar suas relações amorosas e familiares como uma forma de construir sua identidade sapatão. O filme faz parte da seleção da MUBI chamada Especial Festival Cabíria, focada em filmes brasileiros dirigidos por mulheres.

 

4. Os Panteras Negras – Agnès Varda (França/Estados Unidos, 1968)

          Este curta da francesa Agnès Varda foi gravado no período em que a cineasta viveu nos Estados Unidos. Ela filmou as reuniões do Partido dos Panteras Negras organizadas para tentar libertar o ativista político Huey Newton da prisão. O documentário histórico é bem interessante para observar o movimento ativista e revolucionário dos Panteras Negras e possui a doçura e curiosidade típica de Varda, que consegue gerar empatia e beleza em tudo que se propõe a filmar.  A MUBI possui um especial chamado Voilà Varda com 21 filmes da pioneira da Nouvelle Vague. Alguns filmes excelentes como As Praias de Agnès (2008), Os Catadores e Eu (2000) e Saudações, Cubanos! (1963) fazem parte do catálogo.

 

5. Teko Haxy – Ser Imperfeita –  Sophia Pinheiro e Patrícia Ferreira (Brasil, 2018)

          Este documentário experimental apresenta um encontro íntimo entre duas mulheres que se filmam. Através do encontro, elas refletem sobre suas subjetividades percebendo suas diferenças e proximidades. Teko Haxy fala sobre o processo fílmico e o processo de ser mulher e existir nos diversos mundos. Através dos discursos íntimos, as contradições e fragilidades dos corpos humanos e do corpo fílmico são corajosamente expostas. Ser imperfeita é o meio e o objetivo da filmagem onde as cineastas Sophia Pinheiro e Patrícia Ferreira exercitam o ato de filmar-se e filmar a outra. O filme, assim como um artigo produzido pelas cineastas, estão aqui no site.

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