Por Helena de Araujo Zimbrão
Artigo originalmente publicado na revista de educação audiovisual Trajeto Errático, da UFF.
Resumo:
Este artigo deriva de uma pesquisa na qual pretendeu-se entender o potencial pedagógico da autonomia adquirida pelas crianças ao produzirem conteúdos para o YouTube. A partir de um estudo de caso com dois youtubers mirins, foi possível perceber a existência de uma oportunidade de aprendizado na produção de vídeos por parte dos mesmos. Em um contexto de maior liberdade de consumo e de democratização da produção e da divulgação de conteúdos, acredita-se que seja indispensável olhar para o YouTube como componente importante de uma ressignificação da relação com o audiovisual.
Palavras-chave: Youtube; Crianças; Educação.
Youtubers mirins e o potencial pedagógico na produção de conteúdo online
- Introdução
O objetivo geral desta pesquisa consiste em estudar o potencial pedagógico da produção de vídeos realizados por crianças para a plataforma YouTube. Parte-se, portanto, da premissa de que existe uma possibilidade de aprendizado – e não uma garantia – em todo e qualquer processo de produção audiovisual.
A motivação para este estudo surge a partir do contexto atual, pautado pela presença cada vez mais marcante de crianças no ambiente virtual – mais especificamente no YouTube. Acredita-se que seja absolutamente necessário discutir este fenômeno, principalmente no âmbito da Educação Audiovisual, cuja premissa é refletir sobre o fazer cinema como ferramenta educativa. Sendo assim, por que não refletir também sobre o potencial pedagógico no fazer vídeos para Internet?
A hipótese levantada no estudo é a de que, ao elaborar conteúdos para seus canais no YouTube, as crianças atuam também como produtoras de significado e de cultura. Essa proposição é fundamentada principalmente nas teorias de Paulo Freire, Clarice Cohn e Renata Tomaz; a partir das quais se discutem os conceitos de “educação”, “infância” e “subjetividade”. A metodologia aplicada consiste em um estudo de caso, que se deu a partir de entrevistas com dois youtubers mirins, Gabriel e Felipe. Pôde-se concluir que as reflexões sobre a presença infantil na plataforma de vídeos tem muito a contribuir para o campo da educação, uma vez que representam para a criança uma possibilidade de construção da própria subjetividade.
- Um outro olhar sobre a educação
Enquanto a tecnologia se desenvolve em uma velocidade exponencial e a Internet nos proporciona obter informações de maneira rápida, simples e descentralizada, a grande maioria dos métodos de ensino permanecem cristalizados, assim como seus conteúdos. Frente à velocidade da transmissão de conhecimento na era digital, o modelo educacional vigente se mostra um tanto quanto arcaico. De maneira perspicaz, Paulo Freire apelida esse modelo de “educação bancária”, devido à rotina de depósitos de conteúdo realizada nos alunos, pelos professores.
Na visão “bancária” da educação, o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro. (FREIRE, 1978, p. 67)
As reflexões de Freire se mostram fundamentais para qualquer elaboração sobre e para o conhecimento humano. Mais do que tratar do tema “educação”, suas ideias põem em questão a vida em sociedade como um todo. O educador afirma que essa – a vida humana – só encontra sentido na comunicação, e que “o diálogo é uma exigência existencial” (FREIRE, 1978, p. 93). É através do diálogo que se torna possível aos seres humanos o pronunciamento do mundo e a sua significação enquanto sujeitos.
Como oposição à educação bancária, Freire propõe uma “educação humanista”, na qual os educandos não são entendidos como seres ocos de saber, mas sim como pessoas com histórias, vivências e experiências próprias. Esse reconhecimento do outro como detentor de conhecimento próprio – nem maior, nem menor do que o conhecimento que eu detenho, mas próprio e único – é peça chave para entender a mudança na relação do eu com o outro no ambiente pedagógico. Isso porque implica justamente no exercício de evitar a “alienação da ignorância” (FREIRE, 1978, p. 67) e reconhecer que qualquer pessoa é capaz tanto de ensinar, quanto de aprender.
Ao romper com a dicotomia entre aquele que sabe – o professor – perante aquele que não sabe – o aluno -, a educação humanista reconhece a possibilidade da troca. Ora, se ambos, educador e educando, possuem conhecimentos próprios, quem será capaz de educar quem? “Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.” (FREIRE, 1978, p. 79).
Ou seja, a questão principal que fundamenta o processo educativo deixa de ser o conteúdo da aprendizagem e passa a ser a relação estabelecida entre o educador e o educando – assim como a relação que ambos estabelecem com o próprio conhecimento, durante esse mesmo processo educativo.
De acordo com o psicólogo Lev Vygotsky, os elementos socioculturais que compõem o ambiente no qual um indivíduo está inserido serão determinantes no seu modo de pensar e de se expressar. Dessa maneira, o processo de aprendizagem está indissociável do contexto externo no qual ele se encontra. Esse contexto externo – também entendido por sociedade – não se trata de um objeto estático e imutável, e sim de um conjunto de símbolos em constante reavaliação, produzidos e reproduzidos pelos sujeitos que nele se inserem (SOUZA e KRAMER, 1991).
Em síntese, no processo de aquisição de conhecimento, o sujeito estabelece uma relação não só com o objeto a ser conhecido, mas também com o meio externo no qual está inserido – e com os atores sociais que o compõem. É a partir daí que o conteúdo do aprendizado perde protagonismo para as relações construídas durante o processo: enquanto o primeiro tende a ser sempre o mesmo, as segundas são subjetivas e altamente pessoais.
Dessa forma, a tentativa da “educação bancária” de padronizar seus métodos de ensino e de avaliação se mostra completamente equivocada, uma vez que não respeita o processo individual de cada um. A análise racional é priorizada na “educação bancária”, que por sua vez, insiste em separar as pessoas do mundo – pois só assim é possível que esse seja estudado de maneira objetiva e científica. Ao promover essa separação, tira-se o foco justamente do elemento mais importante, tanto para Freire, quanto para Vygotsky: a relação entre as pessoas e o mundo.
A educação humanista como prática de liberdade deve trabalhar em cima de “temas geradores” que façam parte do “universo temático” dos educandos, uma vez que serão eles – os educandos em conjunto com os educadores – os sujeitos ativos do processo de busca pelo conhecimento. É fundamental que os temas de diálogo sejam de interesse dos educandos para que esses se sintam motivados a dar continuidade ao processo de busca. Do contrário, o conhecimento adquirido não será afetivamente enraizado, e não se tornará verdadeiro. “Investigar o ‘tema gerador’ é investigar, repitamos, o pensar dos homens referido à realidade, é investigar seu atuar sobre a realidade, que é sua práxis” (FREIRE, 1978, p. 115).
Nesse contexto, YouTube se apresenta como um possível “tema gerador” no processo de busca pelo conhecimento das crianças, uma vez que ele faz parte de seu cotidiano e de seu interesse, ou seja, de seu “universo temático”. Além disso, pensar o YouTube como um espaço de possível aprendizado é também desafiar a escola tradicional a dialogar com a possibilidade de renovação de seus métodos.
- Criança, um ser do presente
Os conceitos de “infância” e de “criança” podem variar muito conforme o contexto, seja ele histórico, social, ou cultural. Dentro de uma mesma sociedade podem existir diferentes infâncias, com características distintas, dependendo da classe social em que a criança se encontra, se vive no meio urbano ou no meio rural etc.
Dentre as diversas percepções sobre a infância, é preciso chamar atenção para a visão equivocada da criança como um ser que está em fase de crescimento, que não se desenvolveu completamente. Sob o ponto de vista pedagógico, esse entendimento é bastante prejudicial uma vez que apresenta uma tendência a reduzir as ideias expressadas pelas crianças como algo que ainda não atingiu o seu estado pleno.
A antropóloga Clarice Cohn (2005), defende que as crianças não estão em fase de desenvolvimento para vir a ser alguém no futuro. São seres do presente, pois, assim como os adultos, também constroem cultura e estão em constante diálogo com tudo que acontece à sua volta. São atores sociais, que criam seus papéis na sociedade, pois elaboram, à sua própria maneira, sentidos para o mundo a partir de suas experiências. As práticas educativas tradicionais – sejam na escola, ou no ambiente familiar – se mostram preocupadas em disciplinar as crianças, de forma que essas sejam inseridas aos poucos no “mundo sério”, responsável e racional dos adultos, no qual não há espaço para brincadeiras, bobagens e infantilidades. Esses ambientes, portanto, funcionam como uma “preparação” para a vida adulta e consequentemente, veem a infância como um meio para se chegar a um fim: a maturidade. Com isso, gera-se uma ideia equivocada de que a criança é um ser incompleto, que deve percorrer um longo caminho até finalmente tornar-se adulto e atingir sua completude. Entende-se a criança como um ser do futuro, e não do presente.
De acordo com Cohn, os sentidos elaborados pelas crianças não pertencem a um sistema simbólico externo aos adultos, mas sim compartilhado com eles. Ou seja, não existe uma barreira entre o mundo das crianças e o mundo dos adultos. Existem diferentes formas de interpretar o mesmo mundo a partir do mesmo sistema simbólico. “Portanto, a diferença entre as crianças e os adultos não é quantitativa, mas qualitativa; a criança não sabe menos, sabe outra coisa.” (COHN, 2005, p. 33)
Voltando a Paulo Freire, é necessário que se estabeleça uma relação de igualdade entre educador e educando, na qual aquele não pode considerar saber mais do que esse. Dessa forma, uma educação humanista, que pretende se opor à educação bancária, deve ter como fundamento a participação da criança de forma ativa no ato de aprender. O adulto – ou educador, não deve ser visto, durante o processo, como o depositante de conhecimento, e sim como alguém em busca de aprendizado, tal qual a criança. É preciso reconhecer a dinâmica de parceria e humildade entre todos os sujeitos envolvidos.
Na verdade, […] a razão de ser da educação libertadora está no seu impulso inicial conciliador. Daí que tal forma de educação implique na superação da contradição educador-educandos, de tal maneira que se façam ambos, simultaneamente, educadores e educandos. – (FREIRE, 1978, p. 67, grifo meu)
- Um outro olhar sobre o YouTube
A pesquisa “Geração YouTube – Um Mapeamento Sobre o Consumo e a Produção de Vídeos por Crianças”, realizada por Luciana Corrêa (ESPM) em 2016, revela que “entre os 100 canais de maior audiência no YouTube Brasil, 48 abordam conteúdo direcionado ou consumido por crianças de 0 a 12 anos”[1] . Dentre os 230 canais analisados, 75 pertenciam a youtubers mirins e teens, que juntos somavam mais de 8 bilhões de visualizações.
A presença expressiva de crianças na plataforma pode gerar preocupações diversas a respeito da ausência de controle dos pais sobre a segurança de seus filhos, suscetíveis a conteúdos impróprios e persuasivos. Entretanto, o que se propõe nesta pesquisa é voltar outro olhar sobre o YouTube. Entende-se que a plataforma em si não é “boa” nem “má”. A forma como a utilizamos é que pode vir a ser prejudicial ou benéfica. Por isso, é importante discutir sobre ela, a fim de entender o que ela pode nos oferecer de positivo, principalmente sobre o ponto de vista pedagógico.
Por exemplo, algo que pode ser encarado como profícuo é o fenômeno de democratização midiática proporcionado pelo avanço da Internet e das redes sociais no séc. XXI. Esse fenômeno vem promovendo uma série de mudanças no consumo de conteúdos audiovisuais por parte não só das crianças, mas do público em geral. A palavra chave que caracteriza esta nova dinâmica é a autonomia. Os serviços de streaming on demand – sob demanda – rompem com a antiga lógica de um espectador limitado a uma grade de programação
[1] Disponível em https://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2018/09/Media-Lab_Luciana_Cor-rea_2016.pdf Acesso em dezembro de 2020.
televisiva, refém dos critérios estabelecidos pelas emissoras para transmitir seus conteúdos. Agora, é o próprio espectador que possui autonomia para decidir o quê, quando e como os conteúdos disponíveis serão consumidos[1] .
Em termos de consumo, as plataformas de streaming são mais democráticas do que o modelo televisivo; mas quando se fala em termos de produção, nenhuma plataforma se iguala ao YouTube. A rede social permite que absolutamente qualquer um que disponha de uma câmera – ou um celular com câmera – e uma conexão com a Internet possa produzir e publicar um vídeo. A partir daí, o vídeo, por mais simples que seja, pode tomar proporções de público estratosféricas – os chamados “virais”[2] – em níveis que a televisão nunca sonharia em fazer sem o apoio de uma grande produção e de uma intensa campanha de marketing.
A democratização da produção é fundamental para a concepção da criança como produtora de significado. No modelo de produção padrão – adotado tanto pelo sistema televisivo, quanto pelos serviços de streaming – os programas infantis são em grande maioria pensados de adultos para crianças. Por meio do YouTube, as crianças passam a ser responsáveis pelas próprias narrativas audiovisuais. Dessa maneira, abre-se para elas a possibilidade de que sejam protagonistas de um discurso próprio, pois estão compartilhando em seus vídeos seus pontos de vista a respeito da realidade em que se inserem. Estão produzindo cultura e subjetividade. É a partir dessa premissa que se pretende refletir sobre um potencial pedagógico presente na produção de vídeos para o YouTube.
- Aprender é agir sobre o novo
De acordo com a jornalista Renata Tomaz, é através de seus canais no YouTube que as crianças “emitem suas visões de mundo em processos interpretativos e, por meio de tais práticas, ocupam o espaço digital, tornando-o um possível lugar de fala.” (TOMAZ, 2016, p. 51).
As crianças, ao produzirem seus vídeos, estão atuando ativamente na realidade em que se inserem e, consequentemente, transformando a mesma. Ao compartilharem os conteúdos em seus canais, estão compartilhando também suas visões de mundo e reforçando cada vez mais a ideia de que a criança é um ser do presente, perfeitamente capaz de realizar o que se deseja – no caso, fazer vídeos – no momento atual, ao invés de esperar que se torne adulto para vir a ser um sujeito ativo na sua própria realidade.
Tomaz (2016) chama atenção para o fato de que reconhecer o YouTube como ferramenta importante para a “construção social da infância” não implica em dizer que essa construção é exclusiva da contemporaneidade. As crianças sempre foram produtoras de cultura, mas, no contexto atual, surgem novas maneiras de produzi-la.
O entendimento do potencial pedagógico na produção de vídeos para o YouTube parte da teoria de Paulo Freire, que considera a educação como processo de busca, no qual “educador e educandos, co-intencionados à realidade, se encontram numa tarefa em que ambos são sujeitos no ato, não só de desvelá-la e, assim, criticamente conhecê-la, mas também no de recriar este conhecimento” (FREIRE, 1978, p. 60).
Quando Freire fala de um processo de busca, acredito que ele se refira à tomada de consciência perante algo novo. É o novo, o desconhecido, que desperta a curiosidade, que por sua vez será combustível de motivação para que a criança – ou o educando – busque maneiras de transformar o desconhecido em conhecido. Aprender é agir sobre o novo, de maneira a transformá-lo.
O psicólogo Jean Piaget afirma que os seres humanos constroem conhecimento a partir de um movimento de desequilíbrio e reequilíbrio. Não basta apenas que o educando esteja em contato com algo novo, esse novo precisa, sobretudo, afetá-lo de alguma forma. Tudo que nos afeta nos desequilibra e, consequentemente, nos motiva ao movimento. Esse movimento é justamente o de passar do desequilíbrio para o reequilíbrio, ou seja, transformar o desconhecido em conhecido (SOUZA e KRAMER, 1991).
Por isso a educação bancária se mostra tão ineficiente, pois o conhecimento não pode ser simplesmente transferido do educador para o educando. Deve ser construído pelos sujeitos, a partir do momento em que se sentem desafiados a buscar saber aquilo que ainda não sabem. O que buscar e como buscar será próprio e único de cada um, pois o que é desconhecido para um, pode não ser para outro e vice-versa.
Entretanto, esse processo de busca não pode ser encarado como finito, pois sempre existirá algo ainda desconhecido que se possa vir a conhecer. Talvez seja este um dos grandes problemas em relação aos educadores – e até mesmo em relação aos adultos, de uma maneira geral: acreditar na ideia equivocada de que já atingiram o ponto máximo do conhecimento, que já sabem de tudo. Ao fazer isso, se fecham à possibilidade de aprender com o próximo; praticam o que Freire chama de “alienação da ignorância” e não percebem a sua própria insipiência – e que triste a vida humana sem a humildade de reconhecer no outro um universo de saberes.
Se me coloco à disposição para aprender com qualquer um, a possibilidade de adquirir conhecimento nunca se esgota, tende sempre a expandir. Cada vez que me vejo diante de algo desconhecido, faço então o movimento de busca para passar a conhecê-lo; durante o processo, transformo o desconhecido em conhecido; a partir daí, descubro um novo desconhecido e assim o ciclo se repete. Dessa maneira, cada aprendizado gera uma potência que me motiva a buscar um novo aprendizado. Assim, o conhecimento funciona como uma força propulsora, capaz de deslocar o sujeito ativo sempre em direção ao saber mais.
Uma criança que se propõe a produzir um vídeo para o YouTube, certamente se depara com algo novo, algo desconhecido. A partir daí, ela começa seu processo de busca e, consequentemente, de aprendizado. Essa busca pode se dar em diversos âmbitos, como por exemplo, a busca pela técnica audiovisual, pelo tema a ser abordado nos vídeos, pelas estratégias a serem utilizadas para conseguir um alcance de público etc.
Para Freire, o processo de busca pelo conhecimento deve resultar na transformação da realidade em que estão inseridos seus sujeitos. Ao contrário da educação bancária, que estimula a memorização e o arquivamento de conteúdos, a educação humanista deve provocar o desenvolvimento da consciência crítica dos educandos, resultando não na sua adaptação ao mundo como ele é, e sim na sua inserção no mesmo como agentes transformadores.
Os youtubers mirins criam conteúdos que não só afirmam suas identidades e os colocam como sujeitos ativos na sociedade, mas também propõem o diálogo com outras crianças, criando assim, relações de pertencimento e reconhecimento. Uma criança que produz vídeos para a Internet está diante de um processo de busca pelo conhecimento no qual ela é o sujeito ativo. Nesse processo, ela se coloca como produtora de cultura e significado e, consequentemente, ela transforma sua realidade. É daí que surge o potencial pedagógico nessa prática.
- Metodologia
Estudar as crianças como objeto passivo da investigação iria contra a ação dialógica e, consequentemente, pedagógica. Seria equivocado assumir que existe um antes e um depois nesta análise. O que se pretende é, em conjunto com a criança, refletir sobre seus processos de busca por conhecimento por meio da produção de vídeos de maneira crítica e atenta, ressaltando a possibilidade de transformação da realidade durante essa busca.
[…] se as crianças são, de fato, atores sociais, não faria sentido realizar pesquisas que não considerassem suas vozes, suas produções ou as produções endereçadas a elas. […] cabe ao pesquisador criar um ambiente propício para as crianças oferecerem sua visão de mundo. Por fim, há uma compreensão ética: além de conceder uma participação segura para as crianças em pesquisas, é necessário respeitar sua vontade de falar. (TOMAZ, 2016, p. 49)
O contexto ao qual se refere este trabalho, é o de crianças brasileiras inseridas em um meio urbano. Foi realizado um estudo de caso com youtubers mirins que pertencem à classe média do estado Rio de Janeiro e fazem parte da chamada Geração Z – composta por aqueles nascidos no século XXI. Essa geração pertence a um grupo maior: os millennials. São assim chamadas as pessoas nascidas a partir da década de 1980, consideradas “nativas digitais”. “A tecnologia e o mundo digital estão integrados no seu dia a dia de forma completamente natural e quase indissolúvel.” (BONAGA e TURIEL, 2016, p. 96, tradução livre). Sendo assim, as crianças mencionadas nesta monografia nasceram em um mundo profundamente conectado virtualmente, no qual as redes sociais exercem um papel significativo.
Ainda existem controvérsias quanto ao conceito de “youtuber”. Há quem opine que o termo deva ser aplicado apenas aos usuários que conseguem monetizar seus canais, ou seja, que ganham dinheiro com postagens na plataforma. Entretanto, aqui entende-se por youtuber qualquer usuário que possua uma frequência de postagens, independentemente do número de inscritos, visualizações ou patrocínio.
O estudo de caso em questão consistiu em duas entrevistas[3] : Gabriel (treze anos), que possui um canal no YouTube desde Maio de 2019, chamado “Depois da Pipoca”[4] ; e Felipe (nove anos), que possui dois canais na plataforma, ambos com início em 2016, chamados “Felipe Matos B”[5] e “lobo autentico”[6]
A limitação da entrevista a apenas duas crianças se deu principalmente devido à dificuldade de entrar em contato com outros youtubers mirins por meio da Internet. Houve tentativas de abordagem através das redes sociais dos mesmos, mas na maioria dos casos não se obteve resposta – e, quando se tinha, a conversa perdia a continuidade em um dado momento. Gabriel e Felipe foram os únicos youtubers que se mostraram disponíveis.
Ainda assim, acredita-se que foi proveitosa a análise aprofundada sobre apenas dois youtubers, em vez de um questionário padrão para uma quantidade maior de crianças. A opção aqui foi priorizar qualidade acima de quantidade, fazer um estudo qualitativo, interpretativo e de observação
As perguntas levantadas tinham como objetivo entender melhor como Gabriel e Felipe se relacionam com o processo de produção dos vídeos. Essas perguntas foram formuladas após assistir a todos os vídeos presentes nos três canais. Algumas faziam referências a questões gerais dos canais, enquanto outras tratavam de assuntos específicos de cada vídeo. Todas possuíam o intuito de compreender as seguintes questões gerais:
- Há aprendizagem por parte da criança no ato de produzir vídeos para seus canais no YouTube?
- Caso exista aprendizagem, como ela ocorre? Quais suas especificidades, particularidades, semelhanças e diferenças com outros processos educativos?
- Como se estabelece a relação da criança com os vídeos que ela produz? Como ela organiza e executa a produção dos vídeos, desde a ideia até a finalização? Como ela enxerga os vídeos, o que eles representam para ela (seja o produto final, ou a produção dos mesmos)?
- Uma janela para as crianças olharem o mundo e o mundo olhar as crianças
Ao ser questionado sobre a sua motivação para criar um canal no YouTube, Gabriel respondeu que quando se interessa por algum assunto, sente vontade de falar e pesquisar sobre. “Quando eu tô gostando muito de alguma coisa, eu sempre gosto de criar conteúdo e eu sempre quis mostrar o que eu acho pras (sic) pessoas, minhas ideias…” (ZIMBRÃO, 2019). Para Felipe, a principal motivação para fazer seus vídeos é a possibilidade de ter um canal popular e ficar conhecido por ele. “Eu quero like, eu quero que eu tenha inscritos, sabe? Que eu seja famoso. […] Eu acho legal alguém pedir autógrafo pra você, um abraço, uma foto” (ZIMBRÃO, 2019). A vontade de Gabriel e Felipe de criar e compartilhar conteúdos sobre assuntos que gostam ilustra a teoria de Cohn (2005), que enxerga as crianças como atores sociais à medida que constroem cultura e dialogam com o mundo à sua volta. “As crianças não são apenas produzidas pelas culturas, mas também produtoras de cultura” (COHN, 2005, p. 35).
Os vídeos postados pelos meninos em seus canais permitem que sejam protagonistas de um discurso próprio; que desenvolvam suas ideias, opiniões e argumentos sobre determinado assunto e que sejam ouvidos – ou assistidos – por seu público sem depender de recursos muito elaborados – basta um celular, um computador e uma conexão com a Internet.
Seja para assistir vídeos sobre jogos, filmes, ouvir música, ou até mesmo estudar, Gabriel sempre recorre à plataforma, devido à sua agilidade de fornecer informações sobre assuntos diversos, de maneira rápida e descomplicada. “Em poucos minutos, você pode […] esclarecer muita coisa. Por exemplo, não tô entendendo a matéria de matemática, vou lá no YouTube, pesquiso a matéria e posso tá entendendo depois, sabe?” (ZIMBRÃO, 2019). Já Felipe, diz que assiste principalmente canais de gameplay[7] e que as pessoas “acham normal” quando ele menciona que possui um canal na plataforma. “Porque tem muita gente que tá no YouTube” (Ibidem).
As declarações dos meninos reforçam o argumento defendido ao longo deste trabalho: é absolutamente necessário falar sobre a mudança no consumo do audiovisual. Mudança essa que está atrelado não só ao YouTube, mas às demais redes sociais e seu uso excessivo – principalmente por parte das gerações mais novas.
A presença paulatina de crianças em redes sociais indica que a Internet é cada vez mais um espaço delas, na medida em que, mesmo não tendo sido concebida para elas, é gradativamente ocupada por elas e, por causa disso, cada vez mais conformada a suas demandas. (TOMAZ, 2016, p. 48)
O canal “Depois da Pipoca” não foi a primeira experiência que Gabriel teve como youtuber. Ao ser questionado sobre as diferenças entre o canal atual e os antigos, Gabriel respondeu que acha os anteriores “mal produzidos”. “Eu fui aprendendo para poder fazer o vídeo melhor.”(ZIMBRÃO, 2019). Através de sugestões do pai – que é fotógrafo – sobre enquadramento e luz, pesquisas na Internet sobre métodos de edição e vídeos de dicas para youtubers iniciantes, foi “reunindo conhecimento” (Ibidem).
Sob o ponto de vista pedagógico, é possível perceber a partir dessas declarações a importância de existir um laço afetivo estabelecido entre o sujeito e a temática que permeia o conhecimento a ser adquirido. Quando essa é de interesse do educando, haverá mais entusiasmo e persistência para aprimorar-se naquilo que se deseja. Seria o que Paulo Freire (1978) chama de “tema gerador”, pertencente ao “universo temático” do educando
Entretanto, esse não foi o único fator que motivou a perseverança de Gabriel. O apoio da família e dos amigos também foi fundamental na divulgação de seu canal. Os parentes de Felipe também se mostram importantes para a realização de seus vídeos, além de serem seu principal público, junto com seus colegas. Sua irmã mais nova aparece em boa parte dos vídeos do canal “Felipe Matos B”, quase como uma coadjuvante. “Se não, fica chato só eu ali.” (ZIMBRÃO, 2019). Os pais e a tia – que trabalha com cinema – costumam lhe ajudar na gravação e na edição. Dessa forma, Felipe assume o papel de “diretor”, dando as indicações para “o câmera”, para que tudo saia como ele imaginou.
Esses fatos dialogam com a teoria defendida por Lev Vygotsky de que a aprendizagem é indissociável do contexto externo e das interações entre os atores sociais. (SOUZA e KRAMER, 1991). Dessa forma, enxergar um potencial pedagógico na produção de vídeos para YouTube é reconhecer a importância das redes de apoio e afeto nas quais estão inseridos os youtubers mirins. No caso de Gabriel e Felipe, é a partir da rede estabelecida entre família e amigos que se dão as suas motivações – cada um com a sua, em particular – para seguir fazendo seus vídeos, e consequentemente, seguir aprendendo durante esse processo.
Tanto Gabriel, quanto Felipe afirmam se inspirar em outros youtubers na hora de produzir conteúdos para seus canais. Nessa prática, os meninos incorporam as informações que recebem do meio externo e as devolvem para o mundo agora com a sua própria releitura, com sua própria maneira de utilizá-las, conferindo a elas o seu próprio significado.
As escolhas relacionadas ao tema, roteiro, enquadramento, edição etc., configuram uma autonomia da criança sobre o seu próprio discurso e a sua própria linguagem. Assim como as decisões que são tomadas em relação à aparência do canal – como a foto de perfil, a foto de capa, a prévia dos vídeos etc. – possibilitam a afirmação de sua identidade. Tanto no canal “Depois da Pipoca”, quanto em “Felipe Matos B” e em “lobo autentico”, são utilizadas imagens personalizadas, a fim de dar mais originalidade aos canais e deixá-los o mais próximo possível dos gostos e preferências de seus criadores.
Quando a criança se propõe a produzir um vídeo e criar um canal no YouTube, está também produzindo significado, o que reforça seu papel de ator social; da criança como um ser do presente, e não do futuro.
Ou seja, além de serem uma janela para as crianças olharem o mundo, os canais do YouTube também se tornam uma janela para o mundo olhar as crianças, tomar ciência do que falam, como falam, com o que se importam e em que intensidade se importam. (TOMAZ, 2016, p. 51)
Seja na pesquisa sobre o tema, na elaboração do roteiro, na gravação, na edição, ou na divulgação de seus vídeos, Gabriel e Felipe se veem diante do desconhecido e de um desafio. Isso por sua vez os afeta e lhes causa um desequilíbrio, motivando-os a se movimentarem em direção à transformação do desconhecido em conhecido, ou seja, aprender. Esse processo de equilíbrio e desequilíbrio nunca estará finito, será sempre constante. A cada produção de cada vídeo, novos desafios deverão aparecer. Esses, uma vez superados, podem gerar uma potência motivadora a um novo aprendizado, que por sua vez trará outros desafios e assim sucessivamente.
Gabriel: “[…] quando um vídeo sai bem, eu fico muito feliz, mas os que não saem tão bem, eu não fico triste. Eu tento melhorar pra (sic) poder fazer vídeos melhores depois” (ZIMBRÃO, 2019).
Felipe: “Ele (o canal) estando fraco, eu não vou parar. Porque, se eu parar, ele vai continuar fraco. Se eu continuar, ele vai tendo mais inscritos” (Ibidem).
É perceptível um exercício não só de produzir conteúdo, como de se colocar de maneira crítica perante aquilo que foi produzido, de modo a caminhar sempre para o melhor resultado. Gabriel e Felipe declaram que reconhecem suas próprias evoluções ao longo do tempo. Essa preocupação com a qualidade de seus vídeos acontece não só pelo amor ao que fazem, mas também pela expectativa de um retorno positivo de seus públicos. Gabriel afirma que acha “importante ter a interação com o pessoal que (me) assiste ” (ZIMBRÃO, 2019).
Ao ser questionado sobre o que o motiva a fazer um vídeo, mesmo sabendo que será trabalhoso, Gabriel respondeu que se sente recompensado tanto durante o processo, quanto devido ao feedback do público. “[…] porque é muito prazeroso pra (sic) mim […] Eu gosto do assunto, então acaba me motivando naturalmente” (ZIMBRÃO, 2019).
No caso de Felipe, um fato curioso ocorreu: um de seus vídeos[8] atingiu mais de treze mil visualizações. Essa particularidade proporcionada pelo YouTube é um exemplo de democratização tanto da produção, quanto da distribuição. A plataforma torna possível que as crianças compartilhem suas próprias visões de mundo, experiências, saberes e histórias, e que sejam reconhecidas por isso. No vídeo, Felipe conta que se sente importante para seu público devido ao amplo alcance atingido e, por fim, se despede dizendo “Tô (sic) muito feliz por ter filmado isso pra vocês”. (ZIMBRÃO, 2019).
Ao final da entrevista foi levantada uma questão sobre como as escolas nas quais os meninos estudam se relacionam com o YouTube. Felipe afirmou que na sua não é permitido levar celulares nem tablets, mas que “seria muito legal” se as professoras passassem trabalhos em formato de vídeos. Para Gabriel, a escola parece ter “parado no tempo”:
Eu acho que parece que a escola ignora um pouco […]. Então, eu acho que seria muito legal que eles falassem do YouTube e tal. […] eles poderiam ter uma plataforma no YouTube, um canal no YouTube que eles postassem vídeos, dicas para alunos e tal. Eu acho que ia ser bem maneiro. O que que evoluiu na escola, praticamente, da época dos meus pais pra minha época? (ZIMBRÃO, 2019)
- Considerações finais
A partir dessas considerações, retomamos algumas indagações: Qual seria o papel da escola frente à nova dinâmica na relação entre sujeito e conhecimento, proporcionada pela popularização da Internet e do uso excessivo das redes sociais, no século XXI? Como manter as crianças interessadas em aprender no ambiente escolar, quando é possível obter uma infinidade de informações on-line, em uma linguagem muitas vezes mais acessível que a dos livros? O quão positivo seria para as escolas uma tentativa de incorporação das novas mídias e plataformas – como o YouTube – visto o potencial pedagógico presente nas mesmas? São muitas as questões a serem levantadas a respeito do que pode ser feito no campo da educação no contexto atual. Assim, este trabalho começa e termina com perguntas, visto que seria um tanto quanto presunçoso deduzir apenas respostas.
Como as entrevistas foram limitadas a apenas duas crianças, não é possível tirar conclusões amplas, que contemplem a diversidade do universo infantil. Para isso, seria preciso considerar inúmeros fatores, como diferenças de classe, raça, gênero etc. Não se pretende, aqui, propor grandes elucubrações sobre como as escolas brasileiras deveriam incorporar a produção de vídeos para o YouTube em seus currículos, pois esse assunto demanda uma discussão muito maior – envolvendo temas como políticas públicas, democratização do acesso à Internet no país, dentre outros. Tampouco há o intuito de defender que haja uma substituição completa de um método pelo outro, e sim uma atualização, uma renovação de métodos e abordagens de ensino.
O principal objetivo desta pesquisa é entender se existe um potencial pedagógico na relação que se estabelece entre os youtubers mirins e os conteúdos produzidos pelos mesmos. Esse objetivo foi atingido, à medida que se tornou perceptível a possibilidade de aprendizado na produção de vídeos para a plataforma. É importante frisar que de forma alguma esse trabalho propõe uma regra que determina que em toda produção necessariamente haverá um aprendizado. Conclui-se apenas que ele é possível, e não garantido.
Pensar o YouTube como um espaço de possível aprendizado é também desafiar a escola tradicional a expandir o conceito de educação vigente. É uma tentativa de chamar atenção para a profunda necessidade de renovação pela qual a sociedade moderna está passando, renovação essa da qual a escola não está e nunca esteve isenta. É reconhecer que a era digital traz novas maneiras de se relacionar com o mundo e com os outros, e que as crianças estão intrinsecamente inseridas nessas novas dinâmicas. Enquanto as instituições de ensino tradicionais continuarem negando o diálogo com as novas mídias disponíveis nas Internet, elas estarão negando também o diálogo com o universo no qual seus alunos estão inseridos e consequentemente, negando o diálogo com os próprios alunos.
A partir da análise das entrevistas de Gabriel e Felipe, respondemos de maneira resumida as três perguntas principais apresentadas na Metodologia: 1. Há aprendizagem por parte da criança no ato de produzir vídeos para seus canais no YouTube. 2. Essa aprendizagem ocorre a partir do momento em que a criança se depara com algo novo. Inicia-se, assim, um processo de busca a fim de transformar o desconhecido em conhecido. Nesse processo a criança é o sujeito ativo e pode dialogar com temas de seu interesse. 3. Os vídeos representam para a criança uma ferramenta de compartilhamento de um discurso próprio e uma possibilidade de reconhecimento pelo mesmo. A partir de uma série de escolhas quanto à linguagem e à mensagem, a criança produz significados sobre a realidade na qual está inserida, transformando a mesma. A organização e produção dos vídeos é particular de cada um.
Por fim, é importante dizer que as respostas aqui obtidas não devem ser encaradas como imutáveis, apenas como guias para que se possa refletir e trabalhar o audiovisual na educação em diálogo com as novas mídias e tecnologias. Eventualmente, todas as conclusões adquiridas precisarão ser repensadas, reavaliadas e reformuladas. Entende-se que, neste caso, não existe verdade absoluta e que a única permanência é a da própria mudança.
- Referências
BONAGA, Cristina; TURIEL, Héctor. Mamá, ¡quiero ser youtuber!. 1ª Edição. Barcelona. Editorial Planeta, S.A.. 2016
COHN, Clarice. Antropologia da criança. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Ed.. 2005. CORRÊA, Luciana. Geração YouTube – Um Mapeamento Sobre o Consumo e a Produção de Vídeos por Crianças. Brasil. ESPM MEDIA LAB. 2005/2016.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 6ª Edição. Rio de Janeiro. Ed. Paz e Terra. 1978. SOUZA, Solange; KRAMER, Sonia. O Debate Piaget/Vygostky e as Políticas Educacionais. Cad. Pesq. (77). 1991.
TOMAZ, Renata. As redes sociais digitais como campo de pesquisa da infância e o caso das youtubers mirins. Pesquisa TIC KIDS Online Brasil. 2016.
ZIMBRÃO, Helena. Youtubers Mirins e o Potencial Pedagógico na Produção de Conteúdos On-line. UFF, Niterói – RJ. 2019.
Helena de Araujo Zimbrão Formada em Licenciatura em Cinema e Audiovisual pela UFF desde 2019. Suas principais áreas de interesse em pesquisa são o audiovisual nas redes sociais, cibercultura, educação e infância. Trabalha profissionalmente como editora de vídeos.
Artigo publicado na Trajeto Errático- Revista de Educação Audiovisual – 1° Edição – Janeiro 2021.
[1] Entretanto, não deve ser descartada a discussão sobre a relatividade dessa autonomia, uma vez que nosso comportamento nas redes sociais é condicionado por algoritmos e nossas escolhas não são totalmente autônomas. Mas se aprofundar nesse assunto seria um ponto de partida para outra pesquisa
[2] São chamados assim os conteúdos na Internet – imagens, vídeos, textos – que são compartilhados por um grande número de pessoas em um curto espaço de tempo, tornando-se o assunto principal nos ambientes online – e até mesmo off-line – em que foram compartilhados.
[3] Transcrição disponível em ZIMBRÃO, Helena. Youtubers Mirins e o Potencial Pedagógico na Produção de Conteúdos On-line. UFF, Niterói – RJ. 2019
[4] Disponível em . https://www.youtube.com/channel/UC1zaHlhMzngY5tulgGvbV8Q
Acesso: Dezembro 2020.
[5] Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCqe5rhyPXFYkH9PqizJ4p7Q . Acesso: Dezembro 2020.
[6] Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCtlPcmOLc04H6ZOC6jUm8Pw . Acesso: Dezembro 2020.
[7] Formato de vídeo muito comum na Internet, no qual os jogadores gravam a própria tela – do computador, tablet, ou celular – enquanto jogam determinado jogo e compartilham a gravação com os outros usuários – posteriormente, ou em tempo real.
[8] 9 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AMjsZMSstzk . Acesso: Dezembro 2020