Artigo escrito por Sérgio Caetano e publicado originalmente na Revista Temática da Universidade Federal da Paraíba: https://periodicos.ufpb.br/index.php/tematica/article/view/54520

 

Introdução

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, algo muito particular vem acontecendo dentro da arte e da cultura da cidade: cada vez mais cresce o número de produções audiovisuais independentes na cidade. Curtas, médias e longas-metragens, documentários, videoclipes e web séries estão eclodindo pela cidade, vale ressaltar que chamamos de independentes as produções cinematográficas que não estão contidas nos grandes meios de circulação e produção econômicas. E nesse cenário algo muito particular também é notado, a quantidade mínima de realizadores negros e negras nessas produções audiovisuais. O que vai de encontro com a citação de Orson Welles “ O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho”.

E, para além, trazendo para esfera regional da cidade de Natal, no texto de prefácio do livro Claquete Potiguar: experiências audiovisuais do Rio Grande do Norte (2016), escrito por Anchieta Fernandes, ele narra que considera precisas as definições de Mary Land Brito e Vanessa Paula Trigueiro “ O audiovisual é uma ferramenta de inclusão social e cultural, de exercício da cidadania e de manifestação da identidade nacional com toda a sua diversidade. Produções audiovisuais assumem um papel decisivo na cultura contemporânea”.

Posto isso, nos vem a seguinte reflexão que é a base do tema a que se destina este artigo. O lugar dos realizadores negros na produção audiovisual da cidade de Natal/RN. E por conseguinte surgem certos questionamentos: enquanto realizadores, os negros e negras estão inseridos na cena do cinema potiguar? Os negros e negras que realizam filmes na cidade de Natal propõem temas em suas produções que estão ligados a questão racial? Existem dificuldades              que esse grupo de pessoas encontra para realizar cinema em Natal? Existe algum processo de seleção nos editais de arte e cultura que contemplem realizadores audiovisuais negros e negras?  Há alguma formação cultural voltada especificamente para negros e negras que queiram fazer cinema em Natal?

Para atender a esses objetivos, esta pesquisa se deu de forma exploratória e descritiva, através de uma metodologia qualitativa, com a aplicação de um questionário com perguntas abertas. No total, foram 13 pessoas entrevistadas, com suas principais funções hierárquicas dentro do cinema na direção e/ou roteirização, sendo assim classificadas: 5 mulheres, sendo 2 negras (1 autodeclarada negra) e 3 não negras, 8 homens, sendo 7 negros (todos assim se declararam) e 1 não negro.

Nessa perspectiva, a finalidade deste artigo é justamente analisar e se possível responder as questões postas no parágrafo anterior. Longe de esgotar o assunto, o que se faz interessante é abrir uma discussão sobre a quantidade de produções audiovisuais na cidade ser tão pequena entre a população negra se comparada a população não negra de realizadores das obras audiovisuais.

A cena audiovisual em Natal/RN: o lugar que negros e negras quase não ocupam

Com relação ao questionário aplicado, as respostas e posições foram no geral muito bem conceituadas a respeito do lugar dos realizadores negros na produção audiovisual potiguar e complementares entre si.

Vale ressaltar que o acesso ao ensino do audiovisual na cidade de Natal/RN, além de recente é totalmente reduzido a duas instituições de ensino superior, uma pública (UFRN) e uma privada (UNP), e se tratando de instituição pública, aí sim ainda podemos dizer que é realmente novo. No ensino privado não tanto, porém poucas pessoas tiveram/têm acesso ao ensino privado por questões financeiras e a população pobre e negra é a maior parcela entre os menos favorecidos. Aqui mais uma vez se faz coerente o relato de Darcy Ribeiro, quando acentua com objetividade e clareza a causa desse número gigantesco da quantidade de negros serem a maior parcela entre os desfavorecidos.

 A nação brasileira, comandada por gente dessa mentalidade discriminatória, nunca fez nada pela massa negra que a construíra. Negou-lhe a posse de qualquer pedaço de terra para viver e cultivar, de escolas em que pudesse educar seus filhos, e de qualquer ordem de assistência (RIBEIRO, 1995, p 222).

Outra coisa importante de se analisar em relação as instituições de ensino e a formação acadêmica da maioria dos realizadores potiguares é que na universidade particular se torna caro cursar cinema a vista da posição socioeconômica na qual grande parte dos realizadores estão incluídos. O que consiste em verificar que poucos realizadores têm formação intelectual na área, isso é uma dentre outras questões, e como disse o entrevistado 1 da pesquisa aplicada para a elaboração desse artigo quando questionado sobre o porquê da quantidade tão pequena de realizadores negros e negras ele foi categórico em dizer “o acesso a equipamento é outro fator, além do acesso ao ensino ser um dos fatores, existe também a ausência de capacitação profissional”.

No entanto, a pesquisa detectou dois coletivos de audiovisual que estão em atividades e acostumados a fazer obras audiovisuais na cidade. O Coletivo Caboré Audiovisual está em atividade, desde 2013, e tem em seu portfólio de realizações 11 curtas-metragens, 6 curtas minuto e 1 web série com 3 temporadas, e, dentro desse universo de realizações, 2 curtas- metragens e 2 curtas minutos e alguns episódios da web série foram dirigidos por um diretor negro. Já o Coletivo Mulungu Audiovisual que iniciou suas atividades, em 2018, e tem uma realização de 1 curta-metragem.

O primeiro coletivo é formado em sua grande maioria por pessoas não negras e o segundo coletivo formado por mulheres negras, sendo o primeiro coletivo de cinema negro potiguar. Aqui nesse recorte já vemos uma amostra do que esse artigo vem a apresentar: a pouca quantidade de realizadores negros e realizadoras negras, bem como a pouca realização por parte de pessoas negras, uma amostra do que a pesquisa nacional da ANCINE (2018) já nos norteou. Outro fator preponderante na realização de obras audiovisuais em Natal é a pouca quantia de capital através de incentivos, conhecidos como editais, vale ressaltar que nesse  quesito as respostas foram muito similares. O entrevistado 1 por exemplo disse sobre o assunto, quando questionado:

Em Natal, os poucos editais que existem são precarizados, um dos fatores que provocam a não visibilidade das potências que existem e resistem bravamente, realizando obras cinematográficas com pouco dinheiro, dando o máximo de si para realizar. A atual pasta do audiovisual da cidade, como outras passadas, não são geridas por profissionais especialistas no setor, consequentemente temos de forma não tão elaboradas as estruturas de editais. Um caso muito presente e recorrente é a questão da verba, os valores destinados aos incentivos não são compatíveis com a realidade do mercado, o que dificulta realizar de forma honesta as obras cinematográficas.

Analisando bem o que disse o entrevistado 1, percebe-se que a falta de preparo por parte das pessoas que estão à frente dos processos de realização dos editais vem deixando a desejar num dos fatores primordiais para a feitura das obras audiovisuais, estabelecendo valores bem abaixo do necessário para realizações, o que acaba forçando os realizadores a adotarem uma prática chamada de “cinema de guerrilha”, que consiste em reunir uma equipe para trabalhar no  projeto muitas vezes sem receber por sua qualidade e capacidade técnica.

Essa questão da falta de recursos, gestão não compatível com o mínimo de capacidade técnica para gerir um órgão que em suma deveria priorizar de forma coerente os editais que “buscam’ fomentar a produção das obras audiovisuais também foi tema da fala do entrevistado 5, que diz:

A maior dificuldade em fazer cinema em Natal é a falta de incentivo público e privado, o cinema é uma arte cara, sem dúvidas tudo nele é caro, equipamento, mão de obra qualificada, o tempo de produção, e de 2013 pra cá vimos nascer e morrer uma  política de incentivo para cinema na cidade de Natal, o Governo e a Prefeitura de forma muito tímida, após anos de diálogo e gestões não especializadas lançam editais simples, distante de valores praticáveis para uma indústria, mercado e até mesmo uma  cena audiovisual. A falta de incentivo e da compreensão de potência do cinema, por parte do poder público destrói qualquer perspectiva para que uma indústria criativa cresça ou se estabeleça, o que chega a ser um paradoxo, já que campanhas políticas tem valores exorbitantes e o grande produto delas é justamente o aparato audiovisual.

 

Sobre ser um paradoxo a falta de investimento no audiovisual em contrapartida com os valores destinados às campanhas políticas que o entrevistado 5 menciona, fica claro ao nos depararmos com a matéria divulgada em dezembro de 2019 pelo portal do jornal nexo (www.nexojornal.com.br) que traz no primeiro parágrafo da reportagem a seguinte notícia:

“O Congresso aprovou o orçamento público para 2020, com valor total de R$ 3,6 trilhões. O texto destina R$ 2 bilhões para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o chamado fundo eleitoral, que será usado para financiar as campanhas dos partidos nas eleições de 2020”.

 Não nos resta dúvida concluir que não há de fato nenhuma preocupação dos órgãos governamentais e setores da iniciativa privada em fazer o mínimo possível para que cada vez mais tenhamos um material audiovisual de qualidade e com os recursos necessários à disposição. E foi nesse sentido que a fala da Entrevistada 4 nos norteou ao se referir sobre a complicação que é produzir obras audiovisuais com pouco fomento dos órgãos apoiadores:

“Só dispomos de editais a nível municipal e estadual com valores baixíssimos e poucos fomentos de apoio, como o edital privado do Sebrae/RN e a possibilidade de captação via leis de incentivo, que são bastante complicadas em se tratando de obras audiovisuais”.

 Os outros entrevistados e entrevistadas também nortearam essa mesma dificuldade quando se trata da dependência de editais privados e também nos editais municipais e estaduais. Isso já nos traz uma visão ampla e significativa de que os aparatos públicos e privados que deveriam ser o alicerce financeiro para que haja uma quantidade de realizações de obras audiovisuais, não contribuem de forma coerente com a demanda que o cinema necessita, seja por incapacitação gestacional, seja por meio de uma não continuidade assídua nos editais ou seja pela falta de aplicação dos valores necessários para o fazer cinema.

Editais públicos e privados e sua mecânica de exclusão

Um outro ponto comum nessa dificuldade trouxe à tona a averiguação que esse artigo se propõe, mostrar o lugar dos negros e negras nas produções audiovisuais da cidade de Natal. E dentro desse aparato de editais, se constatou que nas falas dos entrevistados, como veremos em seguida, existe uma posição excludente por parte dos órgãos que tem a gestão desses editais, para com realizadores negros e negras e obras que versam sobre questões de cunho racial.

A fala da entrevistada 8 não nos deixa nenhuma dúvida sobre o tema da exclusão dentro dos próprios editais:

“Um outro problema é que na grande maioria dos editais locais, um dos pontos mais relevantes diz respeito ao currículo do proponente. Ou seja, sempre estará na frente quem já tem obras produzidas. E se, historicamente, quem tem mais oportunidades de acesso são pessoas cisgêneras, brancas e com privilégios de classe, dá para ver como os editais reproduzem uma lógica excludente”.

A exclusão histórica de que fala a entrevistada 8 é real e foi pauta durante o Seminário Racismo no Mundo do Trabalho, na sede do Ministério Público do Trabalho em 2017, na cidade de São Paulo, na época, a coordenadora da Coordigualdade do MPT e procuradora do trabalho, Valdirene Silva de Assis, relatou o seguinte: “por causa do preconceito os negros têm também dificuldade de ocupar cargos de maior exposição…”. No mesmo Seminário, o professor Cleber Santos Vieira, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), que também é membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, apontou três tipos de discriminação que os negros passam nos ambientes de trabalho:

“Existe a discriminação ocupacional, que questiona a capacidade do negro de desempenhar tarefas mais complexas, mesmo que este profissional seja capacitado para tais funções; a discriminação salarial e a discriminação pela imagem, na qual a pele escura e os cabelos crespos são alvo de preconceito e deixam os negros de fora de diversas oportunidades de trabalho”. (www.agenciabrasil.ebc.com.br )

 Se já existe um padrão pré-estabelecido de quem tem e quem não tem a prioridade nas oportunidades de trabalho no que se refere a raça, segundo foi relatado durante o Seminário Racismo no Mundo do Trabalho, consequentemente isso se replica nas cidades, e no caso das realizações audiovisuais na cidade de Natal, isso não seria diferente pelo que esse artigo vem mostrando, e na visão também da entrevistada 9, que relata que essa exclusão por parte dos setores privados e órgãos públicos existe sim e há de se questionar e invocar mudanças, tais como aplicações de cotas para a população negra nos aparatos dos editais:

“É notório o desinteresse das gestões governamentais em aplicar uma política pública voltada à nossa integração como negros e negras, no mercado audiovisual local. Aqui, em Natal, tudo é planificado em meritocracia, no sentido de quem articula “o melhor” projeto, é apto a aprovação dos editais. E como já explicitado, essa competição é totalmente desnivelada. Se não temos historicamente os mesmos acessos (em relação a classe, cor, gênero e sexualidade), as nossas narrativas não deveriam permanecer igualadas numa mesma seleção opressora e intolerante. Sim, falo de cotas para profissionais negros no setor”.

 E o que dizer quando há abertamente uma questão excludente quando a obra cinematográfica se propõe a fazer uma narrativa sobre as questões raciais? Foi isso que nos trouxe o entrevistado 6 quando ele diz que: “Mas, os meus projetos que falam sobre questões raciais infelizmente nunca foram aprovados”. Com falas como essa do entrevistado 6, e que no restante da conversa foi bem direto para dizer que já aprovou outros projetos que não traziam a temática das questões raciais, nos traz a convicção de que existe sim uma estrutura excludente para que nem os realizadores negros e negras tenham oportunidades de realizar suas obras audiovisuais como também fica evidente que as narrativas negras não são selecionadas nos editais. E comparando o que disse o professor da Universidade Federal de São Paulo, Cleber Santos Vieira, sobre a discriminação pela imagem, o entrevistado 2 fala justamente sobre esse tipo de exclusão por parte dos editais e iniciativas privadas para os negros e negras quando diz que: “Ao meu ver dão total oportunidades para os brancos, eles têm mais oportunidades de voz, com eles não há pré-julgamentos, são mais aceitos pelos investidores padrão”.

Assim sendo, todo esse contexto excludente por parte dos órgãos que lançam e organizam os editais, sejam públicos ou privados, cria uma bolha predominantemente regida por realizadores e realizadoras brancos e brancas, justamente aquelas pessoas que puderam acessar o ensino superior, as informações sobre produções audiovisuais, cinema e as tecnologias necessárias para executar a arte como mostrou esse artigo no início desse subitem ao trazer quais tipos de pessoas tem acesso ao ensino superior na área de cinema, que na sua maioria não são as pessoas da população negra e também na fala do entrevistado 1 ao falar sobre a questão dos equipamentos e cursos de capacitação que por serem caros ficam mais favoráveis a aquisição de uma classe mais favorecida financeiramente e privilegiada historicamente e que também não é a população negra. Consequentemente temos essa disparidade nas relações étnicas e de gênero quando se trata de editais, leis de incentivo e a não prioridade por políticas públicas. O que esse artigo vem mostrando é uma relação de desigualdade, exclusão e não preocupação com as políticas públicas e ações afirmativas até porque na própria entrevista, todos os entrevistados foram categóricos em dizer que “ não existe nenhum edital voltado especificamente para a produção audiovisual realizada pela população negra”. Em palavras mais óbvias, o cinema negro e feito por negros e negras ainda não é pauta dos órgãos públicos e privados da cidade de Natal.

Dificuldades e desafios para a produção audiovisual negra em Natal

Sobre as dificuldades e desafios enfrentados pelos realizadores negros e negras na cidade de Natal além de prevalecer uma lógica que exclui essas população nos editais públicos e privados, o que reflete diretamente na pouquíssima quantidade quando se comparada aos realizadores não negros, o entrevistado 1 diz: “Os negros e negras representam a minoria entre os realizadores da cidade. Para quem conhece a cidade, bem sabemos que a maioria dos realizadores são pessoas brancas, justamente os que acessaram ensino de qualidade e tem acesso as tecnologias necessárias para fazer a arte”. O entrevistado 2 diz: “Quase não conhece nenhum realizador negro e negra. A maioria negra trabalha na fotografia, elenco, assistente de produção, maquinaria, etc”. o que reforça o que mostramos nesse artigo quando trouxemos a pauta do Seminário Racismo no Mundo do Trabalho, realizado pelo Ministério Público do Trabalho que mostrava que o negro não ocupa cargos de chefia. O entrevistado 3 diz: “Se por realizadores você define quem dirige, então só tomei conhecimento bem recente, do pessoal do coletivo Mulungu Audiovisual”. Façamos aqui uma consideração bastante importante sobre essa afirmação que joga nesse artigo um precedente que é quase nulo nas realizações audiovisuais; a participação da mulher negra na assinatura de direção e roteirização, pois como também foi visto no presente artigo quando referendamos a pesquisa feita pela ANCINE, que relatou que no universo de 142 obras audiovisuais nos circuitos comerciais de cinema, em 2016, nenhuma mulher negra havia dirigido ou roteirizado um filme. Vale deixar esclarecido que isso de forma alguma é motivo de comemoração, somente uma constatação da pesquisa nacional e trazendo para o universo regional de Natal, que através da luta, persistência e da coragem, o primeiro coletivo negro de Natal, o Mulungu Audiovisual, tem uma obra audiovisual realizada por uma mulher.

Já o entrevistado 5 quando perguntado sobre a quantidade de realizadores negros e negras que conhece em Natal diz: “Olha conheço alguns, se a gente pensa em um recorte de obra audiovisual de realizador negro, sendo apenas o diretor ou diretora preta, eu consigo listar uns em processo e outros finalizados, mas não chegariam a 10”. Vemos que é uma constante trazida entre todos os entrevistados, que a quantidade é bastante pequena de realizadores negros e negras na cidade, o que continua corroborando com a discussão que o artigo se propõe, como mesmo disse o entrevistado 6: “Conheço poucos. Acho que a quantidade ainda é pequena quando se faz um comparativo da quantidade de obras realizadas na cidade”. Aqui também há uma afirmação que pode ser comparada quando trazemos os números das obras realizadas pelo coletivo Caboré Audiovisual, que em mais de 15 realizações somente dois curtas-metragens e dois curtas minutos foram dirigidos por um realizador negro, que por sinal é o mesmo diretor em ambas as obras audiovisuais. Fato esse, que o entrevistado 7, enfatiza na sua fala quando diz: “Conheço dois filmes do mesmo diretor, um número muito pouco, deveria haver mais”. Essa falta da representatividade e desigualdade, elementos que foram mostrados ao longo desse artigo com referencial nos três subitens tratados, foi abordado pela entrevistada 8 quando diz: “Ter citado cerca de 10 pessoas, para mim reflete a desigualdade de representatividade negra no audiovisual local em circuitos legitimados de produção”. E recapitulando o subitem sobre o mito da democracia racial, que vimos nesse artigo, a fala da entrevistada 9 corrobora a questão histórica de privilégios entre brancos e negros ao trazer a seguinte fala: “A quantidade de profissionais que mencionei é ínfima diante dos tantos exemplares de profissionais brancos atuantes no mercado”.

Analisando as respostas dadas quando questionados sobre a quantidade de pessoas negras que os entrevistados conheciam no mercado local e sobre as políticas e práticas dos editais da cidade, isso nos mostra que todos os entrevistados concordam que existe um aparato excludente e que há também uma diferença grande acerca do número de negros e negras em comparação a brancos e brancas que realizam obras audiovisuais em Natal. E isso nos remete a questionar o porquê que essas pessoas acham que isso existe. Dessa forma teremos uma ampliação melhor sobre o lugar que a população negra ocupa no cinema da cidade de Natal.

“Interpreto isso, obviamente, como reflexos dos racismos estrutural e institucional, dos quais somos vítimas. Estrutural porque o acesso ao conhecimento acadêmico é distante da realidade dos povos racializados do Rio Grande do Norte. Já o racismo institucional se manifesta na perpetuação de um histórico silenciamento aos nossos corpos – nos violando, reproduzindo narrativas gastas e folclóricas de representações pretas inexistentes ou simplesmente na nossa anulação, como se não existíssemos. Diante dessas reflexões acho pertinente mencionar a dificuldade específica das mulheres negras no audiovisual local. Não há políticas públicas que abracem a diversidade de nossas existências”.

Foi dessa forma que a entrevistada 9 se colocou para nos trazer sua vivência e ponto de vista sobre o porquê da quantidade de negros e negras serem tão poucas na celeuma de realizadores audiovisuais em Natal/RN. Começamos trazendo essa fala justamente por configurar o que a pesquisa da ANCINE revelou em 2018, incluindo aí a não aparição das mulheres negras como realizadoras, o que também acontece na cidade de Natal. Apenas duas mulheres negras conseguiram realizar obras audiovisuais na capital potiguar desde que se tem relatos das obras audiovisuais na cidade, um dado bastante preocupante de se constatar. O entrevistado 1 disse que: “Vejo uma relação de desigualdade e não preocupação com as políticas públicas e ações afirmativas. O cinema negro ainda não é pauta de discussões nas atividades que pertencem ao audiovisual em Natal/RN”. Já vimos nesse artigo que os aparatos públicos não formularam nenhum tipo de ação afirmativa nem de políticas públicas para que essa desigualdade mencionada pelo entrevistado 1 comece a sofrer uma mudança, e além disso suscita também a necessidade que esses poucos negros e negras que existem no audiovisual potiguar se reúnam cada vez mais para criarem entre si e daí buscar diálogos que potencializem essas vozes que não estão sendo ouvidas e vistas.

Para o entrevistado 2 o acesso ao audiovisual precisa chegar a todas as pessoas e em todos os lugares, principalmente nas periferias onde se encontram a maior parcela de pessoas negras. Como foi dito nesse artigo quando Darcy Ribeiro, em seu livro o povo brasileiro nos conta que dentre a camada de classe mais pobres, os negros são a maioria, o entrevistado 2 diz: “Como a maioria negra está nas periferias, o acesso ao audiovisual precisa ser melhor e se tornar algo mais comum às crianças de comunidades”. O entrevistado 3 assim como a entrevistada 9, fala sobre o racismo: “A pouca incidência de realizadores negros e negras em atividade no cinema potiguar é um reflexo do racismo que predomina”.

O entrevistado 5 também é categórico em afirmar a questão do racismo quando ele diz:

“O ponto é um só, um país escravocrata como o Brasil, deixou ranços profundos, e a falta por anos de uma política de inserção do negro em outros setores, fez um abismo socioracial crescer absurdamente. Isso aliado ao cinema ser uma arte cara, profundamente elitista distanciou por anos setores da sociedade menos privilegiados”.

O entrevistado 6 também nos traz a percepção de haver uma segregação ao afirmar que: “Acho que isso acontece porque o audiovisual ainda segrega muito. Ainda é visto como uma realidade distante para muitos que estão fora e para quem já está dentro ainda é difícil se manter no mercado e ser convidado para projetos”. O entrevistado 7 diz que “Pouca oportunidade é dada, pois o mercado sempre se mostrou dominado pela classe social predominantemente branca”. Para a entrevistada 8 a análise é bastante direta e traz na sua fala elementos que mostramos aqui nesse artigo, nesse mesmo subitem, quando tratamos da pauta do Seminário Racismo no Mundo do Trabalho, quando a procuradora do Ministério Público do Trabalho, Valdirene Silva de Assis faz uma pontuação de que os negros e negras não ocupam lugares de chefia, a entrevistada respondeu da seguinte maneira:

“Racismo estrutural. O audiovisual local continua reproduzindo a matriz e dominação cisheteropatriarcal e branca. Se há poucas pessoas negras nos processos curatoriais, nas gestões governamentais, nos júris, nas chefias de departamentos, nas instituições de ensino, toda a estrutura se torna ainda mais excludente”.

Somente a entrevistada 4 não se manifestou a respeito quando perguntada o porquê da questão de ter tão poucos negros e negras nas funções de realizadores audiovisuais, como diretores e roteiristas. Todos os outros responderam dentro de uma mesma ótica que o fato da quantidade de pessoas negras realizadoras de obras audiovisuais serem tão pouca, está amparada pelo racismo estrutural e institucional que se perpetua desde sempre na cidade de Natal.

Temáticas e conteúdos das produções realizadas pelos negros e negras na cidade de Natal

Os realizadores e realizadoras foram questionados se costumam realizar em suas obras audiovisuais temas e/ou narrativas sobre a questão racial. Trouxemos essa abordagem no questionário para saber se existia uma preocupação e uma consciência por parte dos realizadores negros e negras a respeito deles terem a oportunidade e o poder para contarem histórias que retratem seus lugares de fala, partindo de realidades que não sejam mais a dos estereótipos da branquitude perante os negros. De todos os entrevistados somente um disse que não realizou nenhuma obra que tenha característica a questão racial. Os demais se posicionaram de forma afirmativa e com unanimidade foram categóricos em dizer da importância de se realizar trabalhos audiovisuais que tragam à tona as questões raciais e de grupos excluídos. O entrevistado 1 disse:

“Todas as obras que realizo são motivadas pelo que sou, no que vejo no meu semelhante, pelo que somos, sou negro. Proponho, mas não me limito a pauta racial, é preciso que se tenha o entendimento que podemos ocupar qualquer espaço, que sejamos protagonistas de nossas narrativas e prevaleça o pertencimento de ser negro e negra nas nossas elaborações”.

O entrevistado 2 alargou os grupos excluídos e falou sobre quais temas ele costuma abordar nas suas realizações: “Meu olhar é sempre a periferia e seus arredores. Racismo, misoginia, homofobia e desigualdade social serão pautas que sempre me acompanharão em meus filmes”. O entrevistado 3 nos traz um olhar de que sua consciência para o tema a que ele mesmo sempre esteve inserido veio tardiamente como ele mesmo diz:

“Agora sim eu proponho temas ligados a questão racial, pois que a consciência da minha negritude veio tardiamente, quando eu já tinha quase 40 anos. Há de se enaltecer a força das personagens negras na construção de nossa sociedade em todos os aspectos sejam sociais, econômicos, científicos e por aí vai”.

O entrevistado 5 realçou a importância de se contar a dos povos do território brasileiro: “Estes temas são importantes para mim, eu acredito em um cinema que conte a nossa história, a história do povo brasileiro e das infinitas nações que construíram esse país, com seus costumes e lendas”.

O entrevistado 6 nos traz uma lamentação por não ter tido nunca a oportunidade de realizar um filme com questões raciais e justifica que as instituições selecionadoras dos editais ainda repetem a segregação para temas desse porte, ele diz: “tenho projetos que falam sobre questões raciais, mas infelizmente nunca consegui aprovação em editais para eles”. E por fim, a entrevistada 9 nos norteia com uma fala muito impactante para que cada vez mais os realizadores e realizadoras negras entendam a importância de dar vazão às suas narrativas com honestidade e sobretudo com propriedade de fala e representatividade. Ela diz, quando perguntada porque como realizadora negra é importante propor temas ligados as questões raciais o seguinte:

“Acredito que é uma responsabilidade das comunidades negras e indígenas propor novas histórias audiovisuais, que realmente sejam representativas para os povos, honestas em sua linguagem e sensíveis no seu fazer. Não encontraremos nunca em produções brancas, masculinas e elitistas. Por isso, racializo as minhas histórias”.

Ao entrar em contato com essa quantidade de informação trazida por cada entrevistado é de se pressupor que a cena do audiovisual na cidade de Natal, ela tem uma divisão bastante aparente em blocos, um bloco formado pela grande maioria de pessoas brancas que tiveram acesso à educação de qualidade e meios financeiros para aquisição de equipamentos e capacitação profissional, um bloco formado por uma pequena quantidade de pessoas negras que lutam e resistem na cidade com condições adversas para realizar obras cinematográficas e um outro bloco de um aparato público e privado totalmente discriminatório e excludente, que não prioriza por ações afirmativas nem políticas públicas que visem buscar uma equidade dentro do fazer cinema na cidade de Natal/RN. Relegando assim aos realizadores negros e negras a condição de em um futuro não distante de sequer existirem.

Considerações finais

 

Ao iniciar esse artigo buscamos refletir sobre a inserção dos realizadores negros e negras na produção audiovisual da cidade de Natal/RN. O nosso objetivo é entender o porquê que as produções realizadas e os temas abordados nessas obras audiovisuais têm uma quantidade tão inexpressiva quando comparado as obras e temas realizados por pessoas brancas. Fizemos uso de uma pesquisa exploratória e descritiva, seguindo uma metodologia qualitativa e aplicamos um questionário com realizadores e realizadoras negros e não negros para saber deles próprios que estão inseridos no cenário audiovisual potiguar, qual de fato é o papel dos negros e negras nas produções audiovisuais da cidade de Natal.

Nossa hipótese se baseou na exclusão dos realizadores negros e negras imposta por um sistema racista incorporado e perpetuado na sociedade potiguar, assim como existe em toda sociedade brasileira, e ao longo desse artigo pudemos aferir sim que a exclusão ela é prioritariamente racista, e mais, vimos que os aparatos legais que viabilizam as produções audiovisuais, os editais públicos e privados, não dispõem de nenhuma política pública de cotas raciais, nem ações afirmativas que busquem no mínimo diminuir a desigualdade entre realizadores negros e não negros. Vimos também que os próprios realizadores tanto negros como os não negros entrevistados têm plena ciência dessa não equidade, e que diante disso, somente um pequeno grupo se propôs lutar para que cada vez mais, negros e negras despontem nas realizações de obras audiovisuais.

Partimos então para referenciar esse artigo inicialmente através do mito da democracia racial, versamos também sobre as questões de raça e gênero, até chegarmos ao cenário audiovisual da cidade de Natal/RN. Assim pudemos ver que impera na sociedade brasileira, o mito da democracia racial, o qual faz alusão de que não existe uma nação racista devido ao processo de miscigenação. E isso não é verdade, existe sim um racismo e existe sim um racismo dentro das realizações de obras audiovisuais, e ele se dá de forma estrutural e institucional, aferimos isso ao constatar, a partir do tema tratado nesse artigo chamado o negro no audiovisual e a diversidade de raça e gênero, quando diante da pesquisa realizada pela Agência Nacional de Cinema, foi constatada a diferença abrupta da quantidade de obras audiovisuais realizadas por brancos e negros, e nesse momento pudemos nos deparar com algo tão ou mais espantoso quanto, para não dizer cruel: que a mulher negra é praticamente anulada das realizações audiovisuais. Vimos porém, que existem formas de diminuir essa diferença existente entre a quantidade de realizadores negros e não negros, através de políticas públicas e ações afirmativas, inclusive vimos que já foi realizado algo nesse sentido em âmbito nacional pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, por meio do edital Curta-Afirmativo, que foi pioneiro na inclusão de obras audiovisuais que contemplasse a população negra nas ocupações de roteiristas e diretores e diretoras, pois entendemos que dessa forma os realizadores teriam condições de dispor de um aparato para que possamos fazer nossas próprias representações, com nossas vivências e memórias ancestrais e não mais sermos retratados pela insistência da branquitude em querer impor um padrão estético visual de forma estereotipada.

Vimos ainda que na cidade de Natal, existe também a questão educacional no audiovisual que já inicia essa desigualdade, a qual trata esse artigo, que os editais públicos e privados estão acostumados nas suas conclamações para a realização de obras audiovisuais, manter uma política excludente e sem perspectivas financeiras lógicas no que se entende a questão de se realizar uma obra audiovisual com incentivos financeiros fora da realidade necessária para que os realizadores negros e negras, que é o tema desse artigo, possam produzir. Não nos resta dúvidas de que há uma lógica de funcionamento nas realizações de obras audiovisuais na cidade de Natal, e que a mesma está legitimada a base da exclusão de pessoas negras de forma historicamente estereotipada, e que também na maioria dos cargos de trabalho em obras audiovisuais, a pouca quantidade dos negros e negras estão ocupando cargos como maquinista, motoristas, técnico de som, assistente de produção, raramente como roteiristas, diretores e diretoras, somente papéis de subalternidade e obediência. Nessas ocupações de não chefia, como nos foi mencionada pelo entrevistado 2, é que estariam, na visão dos editais e do próprio cenário audiovisual potiguar, aptos e aptas negros e negras nas realizações de obras audiovisuais, criando uma lógica de que é somente nesses lugares que nos cabem.

Conforme verificado na fala do entrevistado 2 acerca dos lugares em que os negros estão inseridos nas obras audiovisuais e da entrevistada 4 quando diz que o Coletivo ao qual faz parte procura agregar negros, LGBTs e mulheres nas produções audiovisuais podemos concordar com Stuar Hall quando diz que: “os estereótipos são capazes de reduzir as pessoas a algumas poucas características simples e essenciais, que são representadas como fixas por natureza” (HALL, 2016, p. 190). De acordo ainda com Stuart Hall, as características que configuram os estereótipos são ‘“vívidas, memoráveis, facilmente compreendidas e amplamente reconhecidas”’ (Ibidem, p.191). Ou seja, nada diferente do que vemos no cenário audiovisual da cidade de Natal/RN em relação a como os editais e a branquitude enxerga o lugar dos negros e negras nas produções audiovisuais.

Tendo ainda as falas da entrevistada 9 e o conhecimento acerca do Mulungu Audiovisual, podemos perceber a opressão dirigida às mulheres negras realizadoras de obras audiovisuais na cidade de Natal, primeiro que foram detectadas somente duas representantes que estão na linha de frente como diretoras e ou roteiristas, e segundo que constatada a existência de uma discriminação racial nas relações com os aparatos públicos e privados dos editais, a competição do mercado de obras audiovisuais como bem dito nas falas das entrevistada 9 e 8, não se pauta evidentemente no mérito, competência e na formação profissional , o que seriam os termos ideais.

As informações aqui demonstradas nesse artigo não se resolverão por si mesmas, além de ações como a formação do Coletivo Mulungu Audiovisual, como primeiro coletivo de cinema negro, é necessário outros fatores: que mais coletivos negros surjam ou mais negros e negras se unam ao que já existe, se faz necessário também abrir as discussões sobre os editais públicos e privados para as realizações das obras audiovisuais, reformulando a estrutura já imposta, criando cotas para realizadores negros e negras, como bem pontuou a entrevistada 9 e não se pode deixar esquecer que os realizadores não negros e não negras sejam capazes ou transformados a serem, de discutir seus privilégios históricos e que continuam se perpetuando entre os próprios, a fim de se buscar uma equidade nas oportunidades, desenfreando o crescimento dessa disparidade na pequena quantidade de realizadores negros comparados aos realizadores não negros. Afinal, as histórias das obras audiovisuais realizadas na cidade de Natal/RN, não podem continuar sendo contadas a partir do ponto de vista eurocêntrico dos descendentes históricos dos escravocratas, tidos como vencedores e cheios dos seus privilégios.

Ademais, trazemos ainda nesse artigo como sugestão para que esse cenário do lugar que os realizadores de obras audiovisuais negros e negras ocupam na cidade de Natal, a formação e implantação de movimentos audiovisuais de negritude, assim como foi feito há tempos atrás quando surgiu o Dogma Feijoada, um movimento de diretores e profissionais negros do audiovisual de São Paulo, que desde o final da década de 1990, priorizava a necessidade de ressignificar as representações sobre o negro nas produções audiovisuais brasileiras e produzir  filmes centrados nas questões raciais, desenvolvendo assim um conceito de cinema negro pela ótica de realizadores negros e negras. Pois, só a partir de uma compreensão de si e de toda verdade histórica identitária, haverá uma maior consciência de quem se é dentro do contexto histórico e discriminatório que estamos inseridos enquanto realizadores audiovisuais e assim poderemos não apenas recusar a completa assimilação da cultura etnocêntrica dominante, como  também nos fazermos aptos a reivindicar nossos direitos em sociedade, nos colocando em uma constante luta para que cada vez mais os realizadores negros e negras na cidade de Natal possam realizar suas obras e produzir conteúdos com narrativas suas, de próprias vivências, lugares de fala e suas questões raciais, como bem dito nesse artigo pelo entrevistado : “ o realizador negro pode abordar qualquer tema em suas narrativas, no entanto, com o entendimento que podemos ocupar qualquer espaço, que sejamos o protagonista de nossas narrativas e prevaleça o pertencimento de ser negro/negra nas elaborações”.

É importante aqui mencionar que o conceito de negritude está estruturado na “ocorrência desumana das tentativas de aniquilar a cultura africana e afrodescendente ou mesmo no fato de considera-las inexistente” (MUNANGA, 2009, p.12). E, segundo os dados apresentados tanto nos números da pesquisa da ANCINE, como nas falas dos entrevistados sobre a desimportância com que os editais tratam as obras audiovisuais na cidade, e da mesma forma os realizadores negros e negras e as obras que tratam das questões raciais, podemos concluir nesse artigo de que há uma tentativa sim de tornar essa problemática da pouca quantidade de negros e negras nas realizações das obras audiovisuais inexistente.

Bibliografia

HALL, S. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Editora PUC Rio, 2016.

MUNANGA, K. Negritude: usos e sentidos. Belo Horizonte. Autêntica Editora, 2009.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo, Editora Companhia das Letras, 1995.

https://www.ancine.gov.br/pt-br/sala-imprensa/noticias/ancine-apresenta-estudo-sobre- diversidade-de-g-nero-e-ra-no-mercado

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/12/18/Fundo-eleitoral-como-dever%C3%A1- ser-a-campanha-em-2020

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-11/negros-enfrentam-mais-dificuldades- que-negros-no-mercado-de-trabalho-diz-mpt

Sérgio Caetano é escritor e documentarista. Formado em comunicação social, com habilitação em publicidade e propaganda e pós graduado em Produção de Documentários pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

E-mail: sergiocaetano.com@gmail.com

Lattes: https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=48D054967B10F2BA67D468061D5D654B#

  

 

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